quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Anda uma mãe a criar um filho para isto

Uma mãe esforça-se, esmera-se, leva a cria ao cabeleireiro de sempre, aquele onde já ia antes de sonhar ser mãe e ao qual continua fiel, para que a criança ande com um corte digno, diferente daquele que em tempos teve feito com a tesoura da cozinha. Enquanto espera a mãe arranja as unhas e troca dois dedos de conversa com o cabeleireiro sobre crianças mal educadas. Abençoado o momento em que me abstive de fazer comentários e de dizer o quanto o meu filho é uma jóia de moço. Adiante. Unhas arranjadas, cabelo cortado, contas pagas e casacos vestidos, cá beijinho e até à próxima, o cabeleireiro pede ao Calvin para dar um beijinho à avó. O Calvin podia ter dito "será entregue", "combinado", podia até ter dito apenas "ok", só que não. Preferiu antes dizer "a avó disse que nunca mais cá vinha". Esta  foi a parte em que esbocei um sorriso amarelo e entre uma gargalhada nervosa disse que não, que a avó não tinha dito isso. Fosse ele um miúdo educado dos que tínhamos falado e não teria respondido "ai disse, disse!".
E pronto gente, é aqui que resolvemos pôr a viola no saco, sair de mansinho com a cara mais vermelha do que as unhas e dizer até à próxima enquanto te passa pela cabeça se o internato não será uma opção.
Eu sou fiel ao cabeleireiro. A avó claramente não. O Calvin? Por este andar vai voltar a ver a tesoura da cozinha.

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