quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Inspira...expira...não pira

Havia uma russa nesta casa que, às vezes à pressa e aos encontrões, com um consumo nunca antes visto de esfregonas e baldes tal não era a sofreguidão com que limpava, dava conta desta casa. Já vinha ensinada por outros, já conhecia os cantos à casa e, apesar de 2 anos não ser muito tempo, era o suficiente para saber como eu queria as coisas, ainda que às vezes não fizesse muito caso disso. Ainda assim, entre nós as rotinas já estavam instaladas e já pouco havia a emendar. A coisa ia assim a modo que em piloto automático e, como por magia, as coisas apareciam feitas.
Diz que essa russa achou que estava na altura de deixar descendência, de contribuir com mais um ser para este mundo e como tal, ter 2 ou 3 dias livres por semana é que era mesmo bom. Não lhe posso chamar burra. Na verdade também gostava de dar ao mundo um contributo semelhante e trabalhar 2 ou 3 dias por semana. Já se sabe que isto de ter crianças é uma grande canseira e não há nada como poder ter uma semana mais desafoga. Pois, no poder é que está a questão e aqui esta portuguesa que vos escreve, ao contrário da russa que aqui havia, não se pode dar a esses luxos e dias livres continuam a ser só os fins de semana. Enfim, como ia dizendo, essa russa que aqui havia, dado o chamamento da maternidade, deixou de haver e nesta história quem se lixa não é o mexilhão, mas a portuguesa que aqui ficou.
Ora que a russa que aqui havia, mas que deixou de haver, não se foi embora assim à papo seco e teve dó da portuguesa que trabalha não 2, nem 3, mas sim 5 dias por semana, e arranjou-lhe uma substituta da sua confiança.
Então aqui a portuguesa, que só por acaso é pouco dada a chefias e rejubila quando as coisas já não requerem grandes ensinamentos, tem uma nova russa em quem deposita as suas esperanças para que esta casa não entre em descomando. Ao contrário da outra, esta russa, doravante denominada como Sôdona Seminova, não vem treinada por outrem, não tem experiência nas lides nem é tão rápida como a russa que aqui havia, mas pronto, diz que é muito séria e que aprende rápido. A portuguesa que aqui anda meio aperreada com estas mudanças até é uma pessoa que gosta de ver as coisas pelo lado positivo e viu nisto uma janela de oportunidade - uma pessoa assim fresquinha, sem vícios e cheia de vontade é capaz de nem ser mau de todo. Assim aprende tudo da maneira como a portuguesa quer e não tarda nada esta casa, portuguesa com certeza, será novamente um lar onde tudo corre de feição.
Quanto ao pormenor de eu não estar em casa com ela para a ensinar e de ela não falar ponta de português...bom, não se pode ter tudo e diz que a moça é muito séria (já vos tinha dito isso?) por isso, algo me diz que o google translator vai ser o meu melhor amigo nos próximos tempos e que pena que eu tenho de ter dado os jogos do Calvin onde, com cartões, se aprendiam as palavras, as cores, os objectos e os números. Algo que diz que agora me dariam imenso jeito.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

E uma pessoa andava, literalmente, tão contente...

...com as sua novas botas. Uma pessoa acha mesmo que vale a pena investir em calçado de qualidade, daquele em bom, 100% pele, bons acabamentos, zero plástico. Uma pessoa não vai às Seaside desta vida porque as coisas não prestam e aguentam-se uma estação, mal e porcamente para afinal, o calçado bom em que investe não ser assim tão bom e também não se aguentar nem sequer uma estação, mas morrer à segunda utilização. Ah, mas se calhar resolveste ir a Fátima a pé montada nesse botim - dizem vocês. Pois, diria que os dias em que as usei foram semelhantes a uma penitência, mas apenas palmilhei meia dúzia de metros desde o carro até ao escritório.
Pronto, deixa lá que podes sempre trocá-las - sugerem vocês muito espertinhos. A ver vamos - digo eu com uma réstia de esperança - é que o prazo para trocas e devoluções já terminou pelo que me resta contar com a decência da loja. Ou isso ou vou ali ao calçado Guimarães porque bosta por bosta, sempre pago 1/4 do preço.