quarta-feira, 18 de abril de 2012

OLÉ!

Pois anda para aí tudo ao rubro, tudo a transpirar indignação, tudo a destilar revolta por tudo quanto é poro desse corpo, e porquê?

Porque o palhaço Rei Juan Carlos andou vestido à Indiana Jones versão saloia abimbalhada, com um amigo que brada aos céus e que se esqueceu de tirar as uvas passas que tinha a fazer de joelheiras antes de posar para a foto, pelo Botswana a mostrar uma vez mais a grande besta que é caçar elefantes.

Imagem de Juan Carlos durante a caçada colocada no site da Rann Safaris organizadora da viagem, que entretanto já retirou a imagem
Às tantas vai-se a ver e isto é tudo photoshop e aquilo não é um elefante nem presas de marfim, mas sim os cornos da Princesa Letizia, da Rainha Sofia ou mesmo de um dos touros espanhóis!

Vá, podem poisar as pedras que tinham na mão para me mandar, podem apagar as tochas com que me iam chegar o fogo e tirar o nó da corda com que me iam enforcar que eu cá não sou moça de aprovar tais barbaridades actividades recreativas, mas será matar elefantes assim tão diferente de esfurancar costados a touros na arena?
Ah e tal, o país em crise e ele a fazer vacaciones à grande e à espanhola. Pois, para matar elefantes é repugnante, para gritar OLÉ numa arena vestido de rosa choc e dourado enquanto se espeta mais uma farta tudo bem...
Ah e tal, os elefantes coitadinhos são grandes, fofinhos, andam lá a passear pela savana africana e não fazem mal a ninguém. Pois, e os touros são uns bois cornudos que só servem para marrar e vá, comer.
Ah e tal, a National Geographic até fez uma grande reportagem sobre as atrocidades que se faz aos pobres Dumbos que foi de partir o coração. Lá está, até se me encarquilhou a alma só de ler, já ver touros a espumar sangue da boca, com a língua ao pendurão a arrastar-se correr atontalhado na arena entre palmas e gritos de entusiasmo [para o boi vestido de rosa e não para o touro, naturalmente] já é espectáculo e tradição.
Para mim animal é animal e enoja-me tanto matar elefantes no Botswana como touros em Salamanca, no Campo Pequeno ou Visons para casacos.
Para mim a morte é muita coisa, aliás pode ser tudo, menos um espectáculo que me entretenha e muito menos algo que me faça admirar ou sequer aplaudir quem o faça, seja lá com que dinheiro for.
E meus caros, se a pena que sentem pelo elefante é maior do que a que se sente pelo touro, pelo vison ou por qualquer outro bicho que se mate para gáudio dos mais pobrezinhos de espírito, cheira-me a cliché barato e a pouca coerência, mas isso sou eu.
Às tantas a máxima do "o tamanho importa" também se aplica no tipo de bicho a que limpamos o sebo quando estamos entediados...
Triste, triste!

2 comentários:

  1. Concordo completamente contigo. Aliás, todo esse tipo de comportamentos mostra a mediocridade do ser humano. Considerarem-se evoluídos? Não enquanto ainda matarem animais por prazer!

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  2. Faço um grande, grande, grande LIKE a esta tua publicação!!!

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