Não querendo fazer disto um fashion blog, aliás, já disse aqui algumas das razões pelas quais deixo isso para quem acha que percebe do assunto (e aqui entenda-se que achar que não é o mesmo que efectivamente perceber, mas adiante), vou ser obrigada a falar, não da última colecção da Zara (kids, naturalmente), da Primark, da Blanco ou outra que tal, mas do tão famoso e batido provérbio: o hábito não faz o monge.
Se o facto de ardarmos com uma batina de monge franciscano não faz de nós um deles, o contrário também se aplica.
Vejamos, um médico usa, no seu dia à dia de trabalho uma bata, no entanto não vai jantar fora com os amigos de bata vestida e estetoscópio ao pescoço. Um cozinheiro trabalha com com um toque blanche na cabeça, mas acho que nunca viram nenhum no metro ou no autocarro envergando o seu chapéu. Da mesma maneira que não vêem um talhante a passear-se no Chiado com um cutelo atrás, nem um repositor de supermercado a circular na Av. de Roma montado numa empilhadora de paletes.
Eu própria sou geóloga e não ando com botas de campo, martelo à cintura e bússola ao pescoço a passear-me no escritório.
Se assim é, e tudo isto parece claro, até mesmo lógico às pessoas dotadas de algum bom senso e bom gosto, porque raio é que eu tenho de ver gente a passear-se de fato de treino e roupa de desporto em geral por essas ruas a fora? É por ser fim de semana? Ah e tal, diz que é prático, que é confortável, que estou assim mais à vontade. Pois não entendo. A menos que tenham vindo a correr, ao estilo maratona, ali do Cacém até ao Colombo e lá tenham parado só para comprar uma garrafa de água não vá dar-se o caso de desidratarem, não vejo razão para andarem vestidos de Nike, Adidas, Rebook ou Puma por aí.
E é curioso que são só os "desportistas do fato de treino de fim de semana" que o fazem. É que na verdade nunca vi um praticante de karate a ir às compras de kimono, nunca vi um praticante de esgrima a ir ao cinema no seu melhor e mais elegante gilet, nem (e aqui com muita pena minha) nunca vi um nadador de competição alapado numa esplanada de touca e tanga da Speedo (pronto, dispensava a touca). Então, acho que também não devia ver o Joaquim lusitano de meia turca branca, fato de treino e boné às compras no Pingo Doce.
Portanto, caros homens, guardem lá as fatiotas desportivas, compradas nos saldos da Decathlon, para os dias em que vos vai apetecer fazer o desporto que, a avaliar pela barriga que vos sai pelas calças, não fazem.
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