Estou farta de gente. Talvez não seja de toda a gente, mas sim de gentinha. Na verdade, bem vistas as coisas, gentinha é o que mais abunda por aí, por isso, talvez possa até generalizar.
Estou farta de ver, ler e ouvir falar em styling, em top, em must have, em lifestyle, em finger food, em vintage, em trendy e em fashion. Não quero saber de festivais do cagalhão que ninguém sabia sequer que existiam antes nem de cerimónias dos Óscares no El Corte Inglês. Caguei nas marquinhas inventadinhas por mãezinhas desocupadinhas que resolveram fazer todas vendinhas em mercadinhos. Não quero conselhos sobre a minha gravidez nem para o que vem a seguir. Não quero dicas top para chuchas, fraldas, epidurais ou cotonetes, sumos detox ou healthy food.
Estou enjoada de pessoas que apregoam a simplicidade, que se dizem muito relaxadas (na verdade elas dizem cool e easy going. Relaxada digo eu que não tenho paciência para essas merdas), mas que depois vai-se a ver e é tudo uma valente treta. Na verdade são mais stressadinhas que uma histérica no pico da ovulação.
Metam naquele sítio onde o sol não brilha todas as fotos tiradas sem maquilhagem, assim a título de acto de grande bravura, como se aparecer de tromba lavada fosse o feito mais heroico que já se viu.
Não preciso de dicas
de beleza, de prendas de Natal nem tampouco para o dia da mãe. Ainda sei educar
um filho e apimentar a minha relação por isso, poupem também o vosso latim
nesses assuntos.
Lixem-se também
os ambientalistas, os vegetarianos e os vegans que acham que vão salvar o mundo
por não comer vaca ou galinha, mas que adoram ir ao supermercado na sua viatura
movida a combustíveis fósseis, comprar o sumo de tomate biológico que vem numa
garrafa de plástico, o qual aproveitam para tirar uma selfie com o seu telemóvel com bateria de lítio, a dizer #eatclean #peace&lovelife #osbichossãocomonós.
Era encher-lhes a cara de bofetadas de cada vez que escrevem namasté numa foto tirada durante o seu
retiro espiritual na India, com uma criancinha ranhosa e emporcalhada que, só
por acaso, trabalha numa fábrica da Primark onde se vende roupa de fibras sintéticas
e por isso nature frindly.
Ufa! E agora que já desabafei um pouco, que já
aliviei um bocado os tormentos que me assolam o espírito, vou
só ali respirar fundo e já volto.
Venham mais hormonas que textos destes precisam-se!
ResponderEliminarUi, mais hormonas e a coisa é capaz de começar a descambar, mas pior do que as hormonas são mesmo as pessoas que me fazem ter estes desabafos :)
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