Passei o Inverno sem chapéu de chuva. Durante o tempo de seca não se pode dizer que tenha sido um feito heróico, mas depois a tão desejada chuva chegou e em força. Não foram uns pinguinhos, mas chuvadas a sério, durante dias consecutivos e eu continuei a sobreviver sem chapéu. Consegui chegar à chafarica sempre enxuta. Quis o tempo que o meu percurso desde o carro até ela fosse sempre feito durante umas tréguas que as bátegas de água nos davam. Todos os dias era esta lotaria. As minhas manhãs passaram a ser uma verdadeira aventura, um jogo de sorte, uma roleta russa em que eu vencia as intemperies, dia após dia, conseguindo passar, literalmente, entre os pingos da chuva.
Eis que chega a Primavera e com ela chegaram os dias soalheiros. Foi uma festa! Congratulei-me e rejubilei por ter passado mais um Inverno sem um chapéu de chuva que, provavelmente, ia perder antes de chegar o tempo seco. Até que chegou o dia de hoje e, sem que nada fizesse prever, cheguei ao escritório ensopada, com as minhas longas melenas num tal desalinho que me fazem parecer uma esfregona velha. Fui derrotada já nos descontos de tempo por aquilo a que se chama uma chuvinha molha tolos. É triste!
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