Após períodos mais do que prolongados de luto, períodos esses sem brilho, sem cor, a preto&branco, vá, no máximo com um tonzinho de cinza só assim para desenjoar, eis que despes a saia preta comprida, tiras o xaile negro que te vai aconchegando as costas e libertas o cabelo do lenço que o acachapava à cabeça (agora aqui fiquei na dúvida se estava a descrever um velha viúva da aldeia se uma cigana ali do Campo Grande, mas adiante...), eis que abres a porta do armário e, num misto de loucura com felicidade, mascaras-te vestes-te como se fosses participar no cortejo carnavalesco de Torres Vedras. Pior, julgas que estás muito bem, diria mesmo que julgas estar no teu melhor e que afinal, mesmo após tanto tempo de luto nem sequer perdeste o jeito, mas apuraste a técnica e lá vais tu, andando alegremente a espalhar aquilo que na tua cabeça te parece ser charme.
Até aqui nem estava tudo muito mal, não fosse teres passado por uma montra e teres visto no reflexo que se calhar o luto não tinha acabado e que apenas tinhas passado de simples viúva (ou cigana, que ainda não consegui acabar com essa dúvida) a viúva alegre.
Calma. Respira. Pensa bem no que caminho que queres seguir e por favor, que não seja o da velha gaiteira!
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