acrescenta um ponto, ou dois!
Qualquer aldeia que se preze tem sempre histórias assombradas que alguém jura a pés juntos já ter vivido na primeira pessoa ou mesmo ouvido a alguém que jamais seria mentiroso. Pois esta não é diferente das outras e histórias dessas, passadas em solares e palacetes abandonados, em encruzilhadas ou mesmo e só numa rua escura, são mato!
Há no entanto uma dessas histórias fantasmagóricas que será comum a quase todas [se não mesmo a todas] as aldeias - a típica história da estrada que atravessa um qualquer pinhal ou mata, na qual, numa das muitas curvas e contra-curvas se encontra uma senhora a pedir boleia.
Rezam as más línguas que quem lhe der boleia é gentilmente informado, numa outra das muitas curvas, que foi ali que ela morreu seguindo-se um fantasmagórico puuufff [leia-se: desaparecimentos da dita senhora]. Os mais desconfiados e menos caridosos que não dão boleia à senhora...diz-se que se espetam na curva onde ela diz ter morrido.
Convenhamos que já por si, na sua versão original, a história não augura nada de bom!!! É que tenho para mim que fosse qual fosse a hipótese escolhida [dar boleia ou não dar], a coisa acabava em acidente. É que ter alguém que se esfuma no nosso carro ao dizer que por acaso, mas só por acaso, tinha morrido naquele sítio, deve ser...sei lá, assustador.
Bom, mas há no entanto pessoas que para além de serem capazes de distorcer uma história já de si algo distorcida, ainda a conseguem transformar numa um bocadinho mais macabra!
Ai não acreditam? Pois eu conheço uma pessoa que o conseguiu. E para que não restem dúvidas, vou contar a história.
Era uma noite escura, muito escura. Iam 2 almas [desta feita não penadas] num Ford Fiesta estrada fora, a caminho de um conhecido espaço nocturno das redondezas que distava a qualquer coisa com 20 km's.
A estrada era escura e serpenteava no meio de uma mata, havendo candeeiros a iluminá-la de quando em vez. Nessa noite, para o cenário estar completo até havia um nevoeiro rasteirinho, assim ao estilo névoa que passava por baixo do carro e o qual não deixava ver muito além do capot [mesmo a calhar].
Foi então que, ao passar perto da aldeia na qual dizem acontecer estas coisas, a moça que ia no lugar do pendura se lembrou de partilhar esse mito de haver senhoras a pedir boleia à beira da estrada.
Eu confesso que o facto da narradora da história estar visivelmente embriagada foi um grande contributo para o fantástico desenrolar da história. É que na imaginação fértil da narradora [ou no seu desconhecimento alcolémico], quer se desse boleia ou não à dita senhora, o desfecho era o mesmo - do espatifanso na famosa curva não nos livrávamos!
A partir desse momento, eu diria que a condutora, devia estar qualquer coisa entre o para lá de raivosa pela maneira descontraída como a história estava a ser contada e o nem me cabe uma agulha no rabo de tão apertado que ele está , tal era o medito.
O que é certo é que devem ter sido os 20 km's mais longos da vida dela e o mito...não passou de um mito [ainda por cima mal contado] pois no caminho todo não se viu viva alma quanto mais morta!
Nota: por razões de confidencialidade e bom nome dos intrevenientes, não serão reveladas as sua identidades.