segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

se cá nevasse, fazia-se cá ski

Uns chamam caos, outros sonham com o dia em que, ao acordar, vêem tudo branco pela janela.
Vidas... 

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Sempre a viver no fio da navalha

A cria mais velha faz anos amanhã. A progenitora no sábado. A cria mais nova já fez, mas diz que tem saudades de andar de avião. Todos nós temos. Resolvo que nada melhor para entrar nos 42 e festejar com algum delay os anos da cria mais velha do que uma pequena escapadela. Compro os voos, marco o hotel...e a cria mais velha fica doente. Diz que são as viroses fruta da época que em 2 ou 3 dias ficam boas toque de ben-u-ron, brufen e antibiótico. Agora é fazer figas para que 6feira nada os impeça de levantar voo bem cedo, bem dispostos e todos de boa saúde.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Ai senhores!

Custa tanto, mas tanto ouvir pessoas a falar um português capaz de pôr Camões, Saramago ou qualquer pessoa com mais do que o 4º ano de escolaridade, a chorar de vergonha. Pior é quando essas mesmas pessoas o fazem com ares de quem possui uma sapiência muito acima da média. Juro que estou a pontos de corar como consequência da vergonha alheia.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Para mim já é Natal

E nada me dá mais prazer do que preparar a casa para a época. Tirando o cheiro da neve artificial que insisto em colocar na árvore, mal vejo a hora de ter todas as luzes a piscar. 2 já estão feitas. Hoje terminamos a 3ª. Quem sabe se um dia não faço mais uma no hall de entrada e outra no meu quarto. Que comecem as festas e a minha época favorita do ano!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Let the weekend begin

Ando a chegar à 6feira com aquela sensação de que me passou um camião por cima.
Acordo com as galinhas e acabo o dia como um frango depenado.
Anseio por aqueles breves minutos fechada em que finjo que não tenho mais nada para fazer a não ser relaxar.
Passo os olhos pelas redes sociais e depois pelo espelho. Ou aquelas mulheres cheias de sucesso profissional, filhos aos magotes, maridos gatos e elas com uma figuraça de fazer inveja não passam de uma bela treta que nos impingem, embrulhado em mil filtros e falso glamour, ou estou mesmo um caco e sou uma azarada do mais azarado que já se viu.
Hoje apetecia-me hibernar, mas não dá. Sou ursa, mas tenho de me manter acordada e muito ativa sem direito à sesta invernal.
Penso no magusto que tenho aqui em casa amanhã, com amigos e crianças. Sempre gostei do São Martinho. Sei lá, além de amar castanhas parece-me um prelúdio do Natal. Não sei explicar, mas gosto. Ao mesmo tempo penso na trabalheira que me vai dar e ao mesmo tempo que amo ter casa cheia, volto a pensar nisso de hibernar e de ser ursa.
Há dias que a vida complica-se. Noutros somos nós que conseguimos complicá-la. Hoje creio ser uma combinação dos 2.
Já disse que ser mulher é lixado muitas vezes. Mantenho a afirmação. 
Não posso hibernar, já percebi isso, mas posso enroscar-me no sofá com os meus 2 amores e, parecendo que não, acredito que me faça melhor do que dormir na caverna até à primavera chegar. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Um bocado de escatologia, nem sabe o bem que lhe fazia

Deve ser isso que pensa a criatura do sexo feminino que teima em usar o wc da chafarica logo pela fresca. Aposto que mal põe o pé no escritório, lá vai ela a correr para o cubículo para fazer o nº2. A mim já me faz espécie quem o consegue fazer no escritório com toda a calma e descontração que o momento exige. Dias há em que tenho muit inveja. Conto os minutos para poder ir para casa tratar de uma das mais báscicas necessidades humanas. A grande questão não é quem satisfaz, ou não, as suas necessidades fisiológicas no local de trabalho. A minha questão é quem o faz e deixa evidências para quem vem depois. Malta, é olhar 2 vezes. Duas vezes antes de ir embora e bater com a porta. Não custa assim tanto, pois não? Acreditem que custa mais quem vem a seguir e tem de levar com...bom vocês sabem. Muito agradecida

sábado, 5 de novembro de 2022

24h no Bumble

Comprar roupa na La Redoute ou na Shein já é mau. Escolher pessoas por catálogo é ainda pior.
Fiquei surpreendida pela quantidade de malta nova que por lá anda. Na minha altura (sim, já digo que "na minha altura") os encontros eram fáceis, cara a cara e o catálogo não era online, era na vida real. 
Vi mais caras conhecidas do que esperva
Acho toda a gente com um ar meio psicopata, meio bronco.
Fiz swipe right num colega de liceu que não via há mais de 25 anos. Ele fez match comigo, mas só me reconheceu quando falámos. Aproveitámos para pôr a conversa em dia. Ele foi convencido a criar conta por um amigo solteirão. Eu pela empregada e pela minha manicure. 
Não achei quase ninguém com ar normal e os poucos que tinham nem sequer me apetecia falar.
Não sou feita para isto do online dating, mas ri-me até me doer os abdominais com as fotos que a malta acha que são a melhor versão de si próprio.
Agora toda a gente é CEO ou entrepreneur. 
Ponto positivo: são sempre as mulheres a iniciar a conversa. Não levas logo assim à bruta com cenas marcadas. 
Há muita gente solitária. 
Foi giro, mas acabou-se. Back to real life. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Qual é a linha que separa?

Mais cedo ou mais tarde, todos nós traçamos linhas que definem os nossos limites, que definem o que é ou não aceitável na nossa vida. Por vezes traçamos essas linhas com giz e ao fim de uns tempos este vai ficando mais ténue e já ninguém sabe muito bem, nem mesmo nós, onde é que se pode ou não pisar. Quando essa linha é traçada a tinta permanente, bem grossa, bem visível, até onde é que permitimos que alguém não só a pise como a transponha? Podemos tentar definir isso com base na nossa inteligência, ingenuidade, por vezes fragilidades, falta de amor-próprio, medo e tantos outros fatores e variáveis aos quais se chama vida, mas há o dia. Há o dia em que decidimos que aquela linha deixou de ser apenas um traço, sumido ou bem marcado no chão, o qual há quem prefira ignorar a sua existência. Há o dia em que fazemos daquela linha um muro de betão armado pelo qual ninguém nem nada pode passar. Hoje não acordei com um pincel na mão. Acordei com uma betoneira a trabalhar a todo o vapor e, cheira-me, que vai haver quem perceba que há linhas que não podem ser passadas.

domingo, 30 de outubro de 2022

Às vezes basta um papel no elevador

Vivemos sempre em correria, fechados cada um na sua casa, muitas vezes sem conhecer quem mora ao lado.
A pandemia ainda fechou mais as pessoas e no centro das cidades, somos quase sempre estranhos que partilhamos apenas garagens e elevadores.
Este ano não há festa de Halloween no colégio da Gordinha. Ali só se festeja os pão por Deus. Por muito bonito e importante que seja, a verdade é que temos crianças "americanizadas" que, como todas as crianças, gostam de festa e a minha, como não ia ter, estava triste. 
Vai daí que imprimi 2 imagens de abóboras assustadoras e convidei o prédio para alinhar num trick or treat. 
Acho que ninguém sabia que havia tantas crianças a viver no mesmo sítio. Fizeram-se amizades, trocaram-se doces, ficou-se a saber o nome dos vizinhos e já se fala em festa de natal.
Agora é andarem de casa em casa, a brincar, a fazer festas do pijama, noites de pizza e lanches com panquecas.
Às vezes basta só um papel colado com fita cola no elevador... 

Casamentos

Ontem fui ao 4° - e suponho que o último - casamento do ano.
Apesar de estar num momento que é a sua antítese, pouca coisa me deixa mais emocionada do que ver 2 pessoas a assumirem perante todos a intenção que ambos têm de juntos construírem o futuro, uma família.
Nunca fui uma pessoa muito dada à religião, apesar da educação católica que tive. Sempre fui ali algo entre o pragmática e o descrente, para grande tristeza da minha mãe. 
Num ano em que a Igreja envergonha mais uma vez z o mundo, tenho de confessar que nunca senti uma leveza como a que senti em Fátima no início do ano, nunca vi a minha filha tão feliz como agora, num colégio católico e não esperava que ontem na igreja tivesse tantas respostas às perguntas que me inundam a cabeça. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Eu gosto do Outuno e do Inverno, mas...

...porque raio tem de mudar a hora? Não podíamos ficar só com o laranja das árvores, com os montes de folhas no chão? Ficávamos com o cheiro a castanhas assadas pela rua, com os preparativos para o Natal, com os brilhos da decorações, com a manta e com os filmes no sofá acompanhados ora por um copo de tinto, ora por um chá bem quente. Ficávamos com as manhãs de chuva na cama, com os almoços de feijoada e cozido à portuguesa, com os dias frios de ceu azul, com a neve e o ski e pronto. Agora porquê que temos de levar com a escuridão? Aquela depressão de acordar para ir trabalhar para chegar a cama já com ar de quem podia ir direto para a cama. Não gosto da hora de Inverno. Na verdade odeio! Hoje, antes que o relógio me pregue uma partida e me faça querer vestir o pijama às 18h, larguei o trabalho mais cedo, peguei nos miúdos e fugimos para o parque. Deu para andar de bicicleta, de baloiço, no escorrega, correr, brincar... Fiquei com aquele aperto de quem está a fazer algo que só vai acontecer outra vez daqui a muitos meses, mesmo gostando tanto do Outono e do Inverno. Só peço luz. Venha o frio, a chuva, o vento e até dias cinzentos, mas não me dêm escuridão.

Reality Check

Super poderes, só pode

Confesso que por mais contas que faça, por mais voltas que dê, não consigo perceber como é que é possível concentrar tantas tarefas, tantas funções e tantos "eu's" num só dia. A ciência já sabe muito coisa, mas isto do que é ser-se verdadeiramente mulher, ainda vive na obscuridade.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Estatísticas

Todos sabemos que a estatística é uma ciência meio obscura que consegue mostrar os resultados que nós queremos ver.
Fórmula para a frente, média para trás, mediana ao quadrado, noves fora nada e pronto, eis o resultado que alguém quer ver.
No entanto, dizem as estatísticas, 70% dos casamentos terminam em divórcio.
Ora bem, façamos assim umas contas à laia de merceeiro, mas que para o efeito servem:
1. Tem havido casamentos em barda, quer seja antes ou depois da pandemia
2. A malta tende a casar lá pelos 30. Alguns mais afoitos (mas que são uma minoria) ainda na casa dos 20
3. Vamos ser simpáticos e vamos dar uns 5 anos até o casório acabar no tribunal com a malta à bulha pelas partilhas, pensões de alimentos e outros quejandos 

Posto isto a minha pergunta é simples: onde é que andam esses homens divorciados lá pela casa dos 40?

Parecendo que não, isto é coisa que me encanita e deixa-me curiosa. Vá, na verdade é para dizer a uma amiga... 

Não quero acreditar que fritaram todos a pipoca com o matrimónio, que só sobram os de qualidade duvidosa e que se concentram todos no Tinder ou sites do género.
Se alguém souber a resposta para este mistério é favor partilhar. A minha amiga agradece. 

sábado, 22 de outubro de 2022

Anita, vamos lá ver se nos entendemos

Foca-te no que é importante e, neste momento, o mais importante és tu.
Olha à tua volta. Vês? Isso foste tu que construiste e fizeste-o com a determinação, com o empenho, com o amor e dedicação que só os grandes têm.
Dizem que os homens não se medem aos palmos, mas as mulheres também não e tu, apesar dos teus 160cm, és enorme. Pois sim, já sei que às vezes andas aí aos tombos, na verdade é mesmo aos trambolhões, mas não me interrompas. É que nisso de andares aos trambolhões não é nada de original. Acontece a todos. A questão é que tu levantas-te e, podes não acreditar, mas levantas-te sempre um pouco mais forte.
"Ai, mas quando é que as coisas passam?" 
Já não te posso ouvir fazer essa pergunta. A que devias fazer e não fazes é "quando é que eu vou parar de pensar nos outros e pensar realmente em mim?". Aí sim eras uma menina bonita. Se em vez de perguntar fizesses, então ias ver que afinal era só mesmo isso que precisavas de fazer para as coisas andarem para a frente.
Não te contentes com pouco por achares que podes nunca vir a ter muito. Mentira. Basta estarmos prontos para receber que as coisas aparecem. Prepara-te! 
Deixa de fazer dos outros o teu grande projecto. O maior projecto de todos és tu. 
Às vezes tenho de te vir lembrar destas coisas, por vezes à bruta, bem sei. Todos têm dificuldade, uns mais do que outros, em ouvir a voz da consciência, mas a verdade é que a resposta para quase todas as perguntas estão lá, se as quiseres ouvir.
Agora que já paraste, respira. Não, não é esse arfar. Respira fundo. Isso...
Não percas o norte com que tantas vezes já te alinhaste e nunca deixes de acreditar. Não hipoteques os teus sonhos nem te prendas a nada nem ninguém que não os partilhe contigo.
Usa essa tua luz que sempre atraiu as pessoas e que sempre te tornou especial para ver o que a vida te traz, mas por favor, vê se me vais dando ouvidos para não dar asneira. Por muito que te irrite admitir eu sei tudo. Quase tudo, vá.
Agora vai. Levanta essa cabeça, empina esse nariz, limpa essas lágrimas que só te trazem papos nos olhos e pés de galinha, sacode o cabelo e põe-te a caminho. Não. Não me perguntes para onde. Tu sabes bem a direcção.
Depois passo por aqui para ver se me deste ouvidos ou se vou ter de te dar um puxão de orelhas em vez destas conversas em que te sento ao meu colinho. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Algorítmos

São uma valente treta! Já todos sabemos que somos, consentidamente, espiados pelos nossos telefones e por isso, após falarmos que bom, bom era ir à neve, começamos a receber anúncios sobre pacotes de férias em Zermatt, Val d'Isere ou mesmo Sierra Nevada. O meu telemóvel já percebeu que hoje estou na merda. Vai daí, toca de me sugerir frases de auto-ajuda tão merdosas como o meu atual estado de espírito, mas mandar a chave do euromilhões que é bom (além que de que permitia não só sair da merda como aceitar as propostas de férias acima descritas) nada! Ainda há muito, mas mesmo muito a evoluir nisto dos algorítmos acertarem em cheio naquilo que uma pessoa precisa.

Quem sabe se lá no fundo não uma uma espécie de Saramago

Claramente tenho um problema com pontuação e cheira-me que é coisa para, se não se tiver tornado já numa doença crónica, seja uma problema numa fase já bastante grave. Não entendo esta minha mania de colocar virgulas, pontos de interrogação, reticências e até pontos de exclamação com frequência, mas ter uma tremenda relutância com pontos finais. Ainda não sei se vou levar, tal como o Saramago, um prémio Nobel, ou se preciso de voltar à primária para aprender as bases e a partir daí começar a escrver como deve ser.

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Se calhar é melhor ficar calada...

Ia agora queixar-me do trabalho. Maldizer esta vida em que uma pessoa tem de levantar o corpo da cama ainda de noite a fim de ter um ar minimamente decente - e olhem que cada vez mais ando a baixar os meus minímos - para ir trabalhar, para deixar miúdos nas respetivas escolas, para inscrever a mais nova no ballet, para fazer a recolha das crias e ainda ir a uma reunião de pais do mais velho para, depois disto tudo, inventar uma treta mal enjorcada para jantar (sim, já sei que há que planear as refeições da semana, não batam mais), entre outras coisas que tais, mas...depois leio que um ex-polícia mata mais de 20 crianças numa creche. De repente todos os meus motivos de queixa desapareceram e a única coisa sobre a qual me apetece queixar é o quão podre e louco está este mundo.

Programa da Manhã

Kika: Vou contar-vos uma coisa... A Ana Sofia e o Henrique deram um beijo na boca sem ninguém ver! Eu: A sério? Não acho isso nada boa ideia. Podiam só dar as mãos. E tu Kika, já tens namorado? Kika: SIm, tenho. Calvin: É da tua sala? Kika: Não. É de outra escola Eu: De outra escola?! Então como é que o vês? (já ali entre a curiosodade e o pânico) Kika: Não o vejo. Ele é invisível. Só o oiço e sinto o seu cheiro Calvin: Se ele é invisível, se não o ouves e só lhe sentes o cheiro, então isso não é um namorado - é um pum! E é este o meu mundo no trânsito entre escolas e colégios. Um primor.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Melhoria ou o princípio do fim?

Às 8:20 já tinha deixado o mais velho no liceu (ainda não me habituei à ideia de já ter um filho no liceu, mas adiante), a mais nova no colégio e eu já seguia para a chafarica a que chamo escritório e me paga o ordenado. É importante dizer que antes disso tudo houve banhos tomados, sacos, mochilas e sacolas preparados, pequenos almoços tratados, criancinhas vestidas primorosamente - com direito a lacinho na cabeça e tudo - e uma mãe montada nuns saltos de 10 vertiginosos centímetros (que isto de ir à chafarica 2x por semana permite estas avarias). Não sei como é que no meio disto tudo consegui chegar antes da hora, a tempo de beber um café na esplanada com parceiros de labuta (que isto já se sabe que colegas são as...enfim). Apesar de ter chegado à chafarica com aquela pequena revolta do "mas ca'raio, uma miúda tão gira, tão inteligente e não há quem faça dela uma mulher ryca, mas daquelas rycas que não precisam mesmo de trabalhar e muito menos de contar tostões", cheguei também com um sentimento quase bom do "cheira-me que ao fim de 14 anos estou a ficar boa nisto da organização". 14 anos é muito tempo e há até quem diga, ou possa insinuar, que aprendo muito devagar, mas lá está - cada um tem o seu timing e eu cá tenho o meu. Era conseguir levar a dieta tão a sério como isto e podia dizer que já teria quase, mas mesmo quase tudo para ser javardamente feliz.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Cá se fazem, cá se pagam

Gordinha,
Eu sei que é fácil ficar encantada com brilhos, com tules e lantejoulas. Eu sei que tudo isso, misturando então nem se fala, é o mais próximo que julgas poder estar de uma princesa.
Sei que as tuas amigas vão delirar quando te virem chegar ao colégio com os pés a brilhar mais do que o sol, mas acredita no que te digo - esses brilhos são foleiros. Esta que com a tua idade fez a tua avó passar vergonhas ao passear-se numas sabrinas douradas, achando-se também a última princesa do pacote, sonhava com sabrinas cor de ouro. Também as minhas amigas deliraram com os meus sapatos de princesa que brilhavam mais do que o sol enquanto a tua avó levantava os olhos para céu, resignada à minha pirosice.
Agora chegou a minha vez de levar com os teus brilhos nos pés.
Castigo, dizem alguns. Genética, digo eu. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

A vida custa muito a ganhar, é o que é

Não digo isto por ter de acordar cedo. Não digo isto por ter de vir duas vezes por semana ao escritório (vou ter de admitir que isto do trabalho remoto teve as suas vantagens. Vir 5 dias por semana era bem mais penoso). Não digo isto porque o horário de trabalho me corte o dia e não me permita fazer tudo o que me apetece e que não passa, de todo, por afazeres empresariais. Não digo isto por não ter o salário que considero ser mais do que justo. Não digo isto por ter apenas 22 dias de férias por ano. Não. Aquilo que mais me pesa nisto do trabalho, aquilo que mais faz penoso o levantar da cama é mesmo lidar pom a populaça. Digo populaça por na verdade povo somos todos, mas há chafaricas onde a fauna é mais difícil de aturar do que noutras. Na chafarica que me paga o ordenado,a fauna é básica, simplória (reparem como eu não disse simples), mas tem-se numa altíssima conta achando que fazem parte de uma espécie rara, superior. Não fica fácil perceber, pois não? Pronto, façamos assim: imaginem um pombo. Sim, um pombo de rua, daqueles meio sarrabecos, meio depenados. Agora imaginem que, por vicissitudes da vidas, esse pombo encontrou um molho de penas de pavão e resolveu colá-las na sua própria cauda. Estão a visualizar? É exactamente isso. Triste, não é? Pronto, agora que já mandei isto cá para fora (ou "amandei", como essa fauna diria), agora que já exorcizei um pouco os meus fantasmas, vou continuar a produzir, que este país não se empurra para frente sozinho e há quem tenha braçinhos à laia de T-Rex (que é como quem diz, curtinhos).

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Sobre isso de ir longe na vida

Gorda: Mãe, às vezes quando está trovoada há repânlagos. Eu: há o quê? Gorda: Há raios Eu: Diz lá com a mãe: re-lâm-pa-gos. É uma palavra um bocado difícil, mas tu consegues Gorda: É por isso que digo raios. End of story, porque na verdade o importante é sair da saia justa e sempre com estilo

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

God Save the Queen ou Long Live the King? Eis a questão

Morreu a Isabelinha. Ainda estou incrédula com o facto de já não a ter como A Rainha. Confesso que quase que me caiu uma lágrima com a notícia. O quê que querem? Uma pessoa afeiçoa-se, ganha simpatias (e antipatias) e toda a minha vida, TO-DA, a Isabelinha sempre esteve lá, firme, hirta e em bom no seu trono. Escusam de me vir com coisas, que ela era uma real gastadora, uma mázona, o que quiserem. Eu gostava dela e para mim é o que importa. Já não posso dizer "Long live the Queen", mas o "Good save the Queen", ai esse posso. Já a Camila ter passado de "a outra" (isto para não usar os nomes com que durante anos e anos a brindaram), a Duquesa da Cornualha, culinando em Rainha Consorte, é algo que, confessem, não esperavam. Já sei que o fãs da Diana estão para aí a espumar de raiva, prontos para apedrejar a Camila, mas convenhamos - a história de amor deles merecia um final feliz. E vá não me crussifiquem que eu também sou fã da ex- Princesa de Gales. Tudo a pensar que o Carlitos abdicasse da Coroa a favor do William e da Katezinha e afinal, pumba - já se alapou no trono. Já se sabe que a malta diz sempre que não quer, que não é preciso, que não faz questão alguma, mas quando chega a hora da verdade, todos querem subir mais um degrau e o Carlitos, que durante anos e anos andava na fase do "quem espera, desespera", finalmente alcançou. Podia aproveitar isto para dar a minha opinião sobre as noras reais, mas a verdade é que não é o momento. Vou apenas dizer que quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré e que serei sempre, sempre team Kate. Para bons entendedores, meia palavra basta. Harry, querido, se me estiveres a ler, sabes que terás sempre aqui um ombro amigo e alguém que te voltaria a meter no rumo certo.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Há pessoas que insistem em ter um Saramago dentro delas

E desenganem-se se o Saramago que nelas habita provém da sua sábia, criativa, esplendorosa escrita. Nada disso. Bastou-lhes ouvir um ou outro comentário do tipo " ah e tal, o Saramago não usava pontuação, nem sequer uma virgulas" para achar que podia adoptar o mesmo estilo e vai daí, é vê-los debitar palavras atrás de palavras, parágrafos atrás de parágrafos, sem qualquer pontuação. Nem um ponto e virgula. Carissímos, escrever mal, sem pontuação e com erros ortoigráficos (mas com aquela soberba de quem se acha digno de um prémio Nobel), não faz de vocês um Saramago, nem sequer uma Margarida Rebelo Pinto. Faz de vocês só ignorantes.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

E aos 41 anos, há tanta coisa que continuo sem conseguir compreender

 

Foto: Nordstrom - Manolo Blahnik


Porquê, senhores? Porquê?

Estão a ver aquela expressão que diz que uma coisa é a obra prima do mestre e outra coisa é a prima do mestre de obra? É exatamente isso que eu sinto.

Nove meses depois...

Era tempo que chegasse para ter mais um filho, mas a verdade é que só vim aqui parir algumas palavras.

Nove meses sem vir aqui sequer visitar o local que sempre acolheu as minhas verborreias e devaneios e, assim de repente, a verdade é que me lembrei dele, como se de um velho amigo se tratasse, tive saudades.

Não sei se tive saudades dele ou da Anita que antes tinha sempre tanto para escrever, mas que tive saudades tive. Foquemo-nos nisso por agora.

Adorava ter imenso para escrever, mas a verdade é que não tenho. A vida é cheia, corrida e acelerada, com estórias para contar e personagens para comentar, mas no meio de tanto que tenho na cabeça, confesso que nem sei bem por onde começar.

Pode ser que agora, com alguma normalidade de volta, voltem também as histórias e a minha capacidade de as pôr por palavras em vez de imagens.