sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
4 Anos...
No meio de tantos dias difíceis, Janeiro tem sempre os mais dificeis de todos.
Há uma névoa na minha cabeça que faz com que não me lembre com clareza dos factos, de quem estava, de quem ajudou, de quem deu a mão, o ombro, de quem me ficou com os miúdos, mas no meio dessa névoa sei exactamente, mesmo que me tente esquecer, qual o dia em que deixei de poder falar contigo todos os dias, pelo menos da maneira a que estava habituada. Falar falamos sempre. Eu sei que tu me ouves e sei que terias muito para dizer. Juro que vou tentanto sempre interpretar o que estarias tu a dizer-me.
4 anos. Uma eternidade que ainda assim parece sempre que foi ontem. Ao mesmo tempo parece que nunca foste embora, mas depois as saudades e a ausência esfregam-me na cara que já não estás cá.
Nunca devíamos viver sem mãe. Eu ainda não sei como é que isso se faz, mas vou vivendo e a única coisa que sei é que gostava tanto, mas tanto que estivesse cá para ver.
O dia 12 será ser sempre um dia negro e todos os outros que se seguiram a esse, mesmo os que foram felizes, tiveram e sempre terão uma peça que lhes falta. Há sempre um prato a menos na mesa, há sempre uma fatia de bolo que sobra e que penso sempre que é a tua.
Resta-me falar contigo e de ti. Muito. Alimentar tudo o que me ensinaste e nunca deixar que a tua presença morra. Essa, a que tenho em mim e a que planto nos teus netos, não há cancro ou doença que a leve.
Ontem aguentei-me. Hoje não consigo e, como em todos os dias em que acho que não consegui fazer nada a não ser chorar, vou pensar na tua mão na minha a cabeça a dizer "vá, cabeça para cima que isso vai passar. Tenho qualquer coisa cá dentro que me diz que isso vai correr bem e tu sabes que a mãe acerta sempre".
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