sexta-feira, 30 de março de 2012

Não há como fugir do destino

...assim como não há maneira de negar que cada um é para o que nasce e definitivamente eu não nasci para cabeleireira.
Não foi hoje ao acordar que me dei conta que a arte capilar me passou ao lado. Isso já me tinha acontecido há uns 20 anos atrás quando a minha avó, num rasgo de profunda maluqueira [talvez resultante de estar entrevadinha com gesso até quase à cintura] me deixou brincar aos cabeleireiros...no cabelo dela. Isto dava uma longa história, mas digo-vos apenas que no fim, o meu corte de cabelo valeu-lhe uma valente discussão com o meu avô [só porque o pobre coitado disse que nem estava assim tão mau, em especial se tivessemos em conta que eu teria uns 11 anos], uns dias de "folga" na fisioterapia [acho que aqui é clara a vergonha que ela tinha em sair de casa] e um desarranjo intestinal, tal foi o desgosto. Claro está que eu também fui lesada não recebendo o tal dinheirinho extra que ela me tinha prometido, a forreta!
Bom, mas este triste episódio não foi o suficiente para me afastar da tesoura. Ainda tentei uma vez cortar o cabelo a mim própria e diga-se, em abono da verdade, que o resultado não foi menos desastroso.
Triste, triste é, com todas as provas necessárias para me convencer que jamais deveria pegar numa tesoura [nem sequer era uma de cabeleireira, mas da cozinha!], ainda pensar que podia cortar decentemente o cabelo do Calvin. Ele que tem uns caracóis louros do melhor que já se viu, ele que é um puto cheio de estilo e bom ar, ser submetido à tosquia nas minhas mãos é, no mínimo, um crime.
Pois foi mesmo isso que ontem lhe fiz. Aquele cabelo enorme que já merecia um corte foi "acertado temporariamente"...na banheira, obviamente [e para não fugir à tradição] com a tesoura da cozinha.
Não vou entrar em pormenores, mas no fim de tudo eu poderia ser apelidada de Eduardo Mãos de Tesoura e ele...bom, ele estaria qualquer coisa entre o Krusty the Clown e a Fraulein Maria do Música no Coração.
Como é óvio, e porque posso ser parva, mas não sou má de todo, hoje não fui trabnalhar e levei o cachoupo ao cabeleireiro para remediar o que fiz lhe fazerem um corte digno daquela carinha laroca.
Valha-me o facto de ele ser uma criança generosa, inocente, infinitamente paciente e nada vingativo ou arriscava-me a acordar amanhã assim a modos que com um cabelo em frangalhos e um lobotomia look.

[confesso que o facto de ele estar todo feliz e a achar-se lindo por a mamã lhe ter cortado o cabelo ainda me faz sentir ainda mais tirana! Ele cresce, ele cresce...] 

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