quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Anita em África I

Ora nem mais! Diz que agora é moda ir trabalhar para Angola e como eu sou uma rapariga que até gosta estar na moda (ou pelo menos na minha moda), resolvi aderir ao GTTM - Grupo de Trabalhadores em Terras Mwangolés. Bom, há que referir que a minha adesão foi feita com muita moderação, em part-time, portanto. Não me mudei de armas e bagagens para lá, nada disso. Na realidade fui espertinha. Arranjei maneira de poder lá ir várias vezes, gozar das maravilhas que aquela terra tem para oferecer, sem ter de estar lá permanentemente. Hããã, têm que admitir que até foi um golpe de mestre. Inicialmente o meu plano era ficar lá 24 dias. O mês de Setembro quase todo, portanto. E foi assim, com a cabeça cheia de expectativas e com o coração apertadinho pelo tempo que ia estar distante que comecei a fazer as malas. Tentei enfiar tudo e mais um par de botas lá dentro, sempre com a sensação que o que mais ia precisar não ia caber de maneira alguma! E foi de lágrima no olho (sim, sim, sou uma chorona no que ao Calvin diz respeito, vocês sabem...) que me pus a caminho daquilo que seria uma viagem de trabalho, mas que acabou por ser muito mais!!! Se a memória geográfica e sentimental não me falham, julgo que choraminguei pelo menos até Cabo Verde. Não consigo dizer exactamente até onde, mas a Sul da linha do Equador já tinha os olhos enxutos...conformada. Apesar de não ter grandes dúvidas em relação ao destino uma vez que já não era a 1ªvez que lá ia, algo me fazia sentir que desta vez seria diferente. E foi!
Não há duvida que para conhecermos um sítio temos de lá passar mais tempo, imiscuirmo-nos nas rotinas, na cultura, cheirar os mesmos cheiros (com tudo o que isso implica em Luanda...), olhar com os mesmos olhos e ouvir com os mesmos ouvidos (ah, a boa música angolana...fica aqui prometido um post sobre o assunto). Eu que até sou um fã dos ditados populares, resolvi adoptar o "em Roma sê romano" e acho que não me dei mal de todo, aliás os 24 dias iniciais passaram a 39 sem que isso representasse para mim uma grande tristeza ou um grande pesar. Eu já tinha ouvido muitas vezes que quem vai a África apaixona-se por ela e eu não podia concordar mais!


Vista da Baía de Luanda a partir do Forte

Pelo quê nos apaixonamos nós? Pois, isso já é mais dificil de explicar...na realidade nem consigo encontrar uma justificação sólida, robusta que sustente esta minha opinião. Apenas Fernando Pessoa consegue explicar o meu sentimento por essa terra vermelha "Primeiro estranha-se e depois entranha-se..." Oportunamente irei contar aqui alguns dos muitos episódios engraçados que por lá se passaram. Tal como um sul africano que lá conheci disse, ninguém acredita na maioria das coisas que se contam poque pura e simplesmente são surreais! A vida por lá enquadra-se no arquivo das coisas "Só vistas, contadas ninguém acredita"! Ainda assim, moça decidida (para além de direita) que sou, vou arriscar fazer alguns relatos. Os mais crédulos acreditam...os menos crédulos...olhem, vão lá para ver! Ao menos acho que todos vão conseguir rir um bocado (os que compreenderem a profundidade das piadas claro). No início acho que todos chegamos lá com a sensação de que se quiseremos podemos mudar as pessoas, Angola, o Mundo! Neste caso...eu diria que é o Mundo, ou melhor, Angola que nos muda a nós! Para melhor, ou para pior? Sinceramente não sei...apenas diferentes!

O famoso pôr do sol...

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