Prolifera por aí a ideia, criada por uns e fielmente seguida por outros, que ter um carro alemão é que é.
E sim, é um facto que eu própria sou proprietária de um carro alemão, que estou em fase de troca por outro, também ele alemão, se bem que eventualmente aceitaria um italiano, naturalmente não um dos que se escreve com "F", ou até mesmo um inglês, mas não daqueles que se escreve com "J". Mas isto dos carros é como tudo na vida - há uns mais alemães do que outros.
Assim sendo, os wannabes que respiravam já de alívio por conduzirem um Opel Ascona, um Opel Kadett ou até mesmo um Mercedes 190 D, pensando eles pertencer já ao clube do "German car", podem voltar a ficar aflitos.
Vamos lá então ver uma coisa. Quando se fala em carros alemães e no status que é ter um, não se está, seguramente, a pensar num Opel Corsa, mesmo que seja dos novos, comprados em suaves prestações ao longo de 84 meses. E quem diz Opel Corsa, diz um Agila, um Meriva, se falarmos então de um Tigra, pior, diz um Volkswagen Vento, um Bora, um Polo e até mesmo um Golf. Ah, mas isso são os primos pobres alemães e não as famílias de boa linhagem, dizem vocês. Pois que isso também está errado. Conduzir um Audi 80 de 1992, importado, um (e não uma) A4 de 1998, conduzir um Mercedes 220 classic de 1997, que em tempos já foi um táxi de praça, ou a Vito com que vai ao mercado para abastecer a mercearia, também não vos dá estilo, pelo menos não o que pretendem ter ao apregoar que também vocês conduzem um carro alemão. Até mesmo se forem para as famílias mais nobres como a Porsche, têm de ter cuidado, muito cuidado. Optar por um Panamera só vai mostrar que têm dinheiro para comprar um, mas que a costela de pato bravo, por mais dinheiro que tenham, está lá e aí, nem ao clube Porsche podem pertencer. Uma maçada.
Já agora, deixem-me também dizer que o facto do grupo Volkswagen ter comprado a Seat e a Skoda, não faz destes dois últimos, carros alemães. Se andavam felizes ao volante do vosso Ibiza, Leon, Fabia ou Octavia, a julgarem-se uns alemães, enganam-se. Diria que são uns alemães por afinidade, ao estilo daqueles que adquirem um título nobre por o comprarem a um conde falido, e isso também não vale. Serão assim como aqueles futebolistas estrangeiros, nacionalizados apenas porque dá jeito que joguem pela selecção, mas que no fim, a verdadeira essência está lá.
Vá, pessoas que gostavam de conduzir um carro alemão, mas dos bons, pensem lá bem nisso dos clubes automóveis a que insistem querer pertencer. É que na verdade, e não querendo, de todo, arruinar os vossos sonhos ou aspirações sociais, conduzirem um carro alemão, quando mal escolhido, pode ser tão mau como andar a conduzir esse tal Dacia Duster de que tanto falam mal.
Às vezes mais vale jogar num campeonato abaixo com estilo, do que tentar chegar à Champions a coxear.Olhem que na Champions há sempre aqueles que festejam a taça sentados nos bancos dos suplentes e há aqueles que,em escolhendo jogar numa liga inferior, o fazem de pé, aos saltos, sendo os primeiros a pôr a mão na "chixa".