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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Sôdona Fernanda

A sôdona Fernanda é daquelas sôdonas na casa dos 60 e tal anos que não trabalham e que se referem às suas crias como "a minha Magui ou o meu Chiquinho".
Como uma boa sôdona que é, tem tempo de sobra para se preocupar muito com as notícias do prédio, para reclamar com tudo, seja o pêlo do cão do vizinho de cima que lhe caiu na varanda, ou o barulho que outro vozinho fazia e que às 23h não deixava a sua Magui - coitadinha, uma latagona gorda e anafada, de quase 30 anos alapada em casa da mãe - descansar o suficiente para enfrentar com bravura o trabalho no dia seguinte.
Naturalmente que também há um macho - que neste caso está longe de ser alfa, é assim mais para o epsilon do que outra coisa - que lá anda, cabisbaixo, sempre pronto a fazer o que lhe mandam. É daqueles maridos que, mesmo havendo garagem, deixa a sôdona à porta do prédio e vai ele estacionar porque ela, já se sabe, sempre muito atarefada, não tem tempo a perder, que a sopa e o jantar não se fazem sozinhos e o que seria se desse a fome à sua Magui e não houvesse o que trincar? À pois é, que isto são só preocupações na vida da sôdona Fernanda. É uma agitação, um corre-corre, uma lufa-lufa de trabalho e afazeres que a coitada não tem descanso nem para onde se virar e, vejam lá bem, tem que aspirar a casa ao Domingo às 8h da manhã pois nem ao fim-de-semana pode haver descanso. Isso é que era bom! Olha agora dormir um bocado num domingo de manhã, aspirar mais tarde? Não queriam mais nada. Daqui a nada ainda perguntam se, uma vez que não trabalha fora de casa, não podia aspirar a casa durante a semana, querem lá ver?
Acredito que haja uma sôdona Fernanda em todos os prédios. Não me parece que esta seja espécime único. O que eu tenho pena e que no meu prédio a sôdona esteja mesmo por cima de mim.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Tu sabes que os tratamentos de beleza que prometem mundos e fundos estão ao nível da banha da cobra quando...

...depois de um serão em casa passado de molho em banheiras de hidromassagem atafulhadas em sais e óleos essenciais, depois de peelings ligeiros, de máscaras faciais e capilares, exfoliações corporais e cremes meticulosamente barrados pelo corpo todo, vais de manhã tomar o pequeno almoço ao café de sempre, no bairro de sempre, a sentires-te uma diva e a velha de sempre, ao ver-te agasalhada até às orelhas por causa dos 10 graus que estão, te diz que estás amarela e com pouco bom ar.
É muita simpatia logo de manhã!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Já estava a estranhar

Há já quase um ano que me mudei para esta casa e se havia coisa que estava a estranhar, diria até que achava algo suspeito, era a normalidade dos vizinhos.
Até agora ainda não tinha tido encontros de 3º grau, ainda não tinha assistido a lutas de cães, nem ouvido barulhos estranhos pelo que achava que agora sim, tinha arranjado uma casa onde podia habitar e ser feliz na paz do Senhor. Tirando a vizinha de cima que, apanhando-me no terraço me pergunta se eu não tinha visto esquecido na garagem um saco com uns sapatos da "siásaide" (sim, ela disse mesmo assim com essa pronúncia), era tudo assustadoramente normal. Gente pacata, até ver civilizada e pouco digna de registo.
Eis que num serão de Outono em que a chuva resolve dar umas tréguas e o ar estava quente e húmido ao ponto de me permitir abrir a janela, tudo mudou quando um/a vizinho/a resolve ensaiar, tocar, martelar, fazer barulho, com aquilo que me parecem ferrinhos!
Não sei se é do tempo, se só agora se revelou, mas temo que as minhas noites pacatas tenham chegado ao fim, bem como esse mito urbano de ser possível ter vizinhos normais!
Vizinho, se por acaso me estás a ler deixa-me avisar-te que, se insistes nisso da música, vou ser obrigada a pagar na mesma moeda e olha que eu não tenho uns ferrinhos, mas tenho o "piano" do Calvin. Acredita que o som que de lá brota é muito mais assustador, diria mesmo creepy, estás a ver? Pronto, então não queiras ouvir. Olha que eu acho que aquele instrumento do demo, se tocado no meu terraço, é coisa para não te deixar dormir a noite toda.

Muito agradecida, 
a vizinha que também sabe tocar, tão bem como tu!

terça-feira, 20 de março de 2012

O Vizinho de Cima

Já aqui tinha falado do vizinho de cima e do seu cão. Aquele gordinflas em quem o cão manda. Esse mesmo [não, juro que hoje não vou falar do vizinho do 98 que ficou a ver o meu rabo enquanto eu lavava a loiça].
Pois se há há vizinhança estranha, este pertence sem sombra de dúvidas, ao top 10.
Quando me mudei para esta casa julguei que também ele andasse em mudanças, ou pelo menos em remodelações. Não, nunca vi o menor movimento de caixas, caixotes ou até mesmo os sacos do lixo que já fazem parte do meu moving kit, mas todos os dias, fosse a que horas fosse, ouvia arrastar móveis de um lado para o outro.
Tendo em conta que isso passou a ser algo que mais parecia um ritual, comecei a imaginar que todos os dias, em especial à noite, ele, por alguma razão que eu desconheço, mas que será certamente válida [ou não] desmontava a casa toda e arrastava-a de uma divisão para a outra.
Ao fim de uns tempos os meu ouvidos já se tinham habituado a esses barulhos e comecei a ignorá-los, mas atrás desses vieram muitos outros.
Ao cão andar a correr enquanto raspa com as garras no soalho também já me habituei. Aos gritos guturais que ele dá a pedir [sim, volto a lembrar que no cão ele não manda] para o canito esgroviado se calar também. O barulho de bolas pesadas a cair e a rolar soalho fora [cá para mim o gordinflas joga petanca em casa] também já me é familiar e já não me causa estranheza [o que querem? Às tantas uma pessoa habitua-se e já acha tudo quase normal], mas há barulhos que não dá. Por mais que os oiça, por mais que se repitam dia após dia, é impossível ouvi-los com bons ouvidos.
É que isto de partilhar barulhos desta natureza tem muito que se lhe diga. Uma pessoa começa a conhecer os hábitos da malta e começa a partilhar como que um intimidade que sinceramente não quero partilhar com a vizinhança.
Olhem que isto de ouvir o badocha do 4º drt a ir à casa de banho é qualquer coisa de bizarro. É um facto que todos nós, uns mais outros menos, usamos "o trono", mas daí a partilhármos esses momentos com a vizinhança vai um grande passo.
Já não me bastava dar conta de quando é que o badocha vai à casa de banho, ainda tenho de ouvir os lamentos do colchão dele quando o gajo vai para a cama.
Dizendo eu que ele não é propriamente um peso pluma, podem imaginar os gemidos de dor que saem daquelas molas. É qualquer coisa! Pior, ao que parece os aposentos do badocha são mesmo por cima dos meus, pelo que, é quando eu estou na minha caminha, pronta para o meu sono de beleza e para o meu merecido descanso que oiço os uivos que a cama dele dá. Ele é molas a estalar, ele é estrados a ranger, ele é cama a arrastar...enfim, um mimo!
No meio de toda esta sinfonia do lar há algo que não me sai da cabeça. Ora bem, o badocha não se limita a deitar e a ficar sossegadito, refastelado em cima da cama. Nada disso. Antes de arranjar uma posição confortável ele vira-se, rebola e torna a virar-se isto sempre acompanhado dos queixumes e súplicas do leito. Aposto em que ele dá pelo menos umas 3 ou 4 voltas antes de se aninhar. Sendo este o comportamento típico dos cães [darem sempre 3 voltinhas sobre si mesmos antes de se deitarem] questiono-me se afinal não será o canito que dorme na cama e o badocha no chão?
Bom, mas os barulhos da cama não são sempre, apenas e tão somente, relacionados com o deitar. Há dias [não são muitos, é um facto] onde os barulhos se repetem mais vezes, a um ritmo diferente e durante mais tempo o que me leva ainda mais longe nos meus pensamentos [estes sim, do inferno]...será que para além do badocha do 4º drt partilhar comigo o momento em que satisfaz as suas necessidades fisiológicas ainda tem de partilhar o momento em que satisfaz [aqui no satisfaz levantam-se muitas dúvidas] as suas necessidades sexuais?
Espectacular isto de ter vizinhos! [e viver num prédio onde começo a questionar-me se as paredes não serão de contaplacado!]
 Pelo sim, pelo não, acho que o melhor é eu ter algum cuidado ou um dia ainda me arrisco a dar de caras com o blog do vizinho do 2º dtr onde ele também descreve os meus marulhos estranhos...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Cães Danados

Essa história de haver raças perogosas de cães tem muito que se lhe diga, mas para mim os Cocker são lixados [com F].
Todos os que conheci eram assim a atirar para o raivosos e mauzinhos e acabei de conhecer mais um.
Ao que parece não me chegava um vizinho voyeur no prédio ao lado, uma vizinha demasiado simpática na porta da frente, ainda tinha de ter um Cocker ressabiado no andar de cima!
Foi aqui um festival de rosnanso, ladrar, berros e palavras de ordem [que diga-se de passagem não estavam a surtir efeito nenhum porque para além de mau o gajo era teimoso] que mais parecia que o patamar tinha virado um canil.
Confesso que tive alguma pena do dono. O homem baixinho, careca, gordo e anafado até suou para o pôr a subir as escadas e acreditem que não foram os berros ou ordens que puseram o canito a mexer. Foi quando o badocha estava mais a implorar do que a mandar que o bicho lá se resolveu a ir para a casota.
Acho que já sei quem veste calças lá pelo 4º andar.
Às tantas vai-se a ver e lá em casa o cão senta-se no sofá e o badocha anda de quatro!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

JACKPOT

Foi isso que saiu ao meu vizinho do 98 - o jackpot! E como há pessoas com sorte, ele nem teve de jogar no euromilhões, no totoloto nem no totobola. Não teve de comprar cautelas, raspadinhas, nem sequer teve de ir ao bingo. Para lhe sair o jackpot teve de ir apenas à janela.
A expressão jogos de azar não vem do nada e como tal alguém teve de o ter e perder alguma coisa. Para não variar esse alguém fui eu!
Juro que não sei se sou exibicionista, se sou distraída, se sou parva ou se está só mesmo muito calor, mas seja lá eu o que for, o que é um facto é que resolvi fazer umas pequenas tarefas domésticas de t-shirt [esta é a parte do estar muito calor]. Até aqui não há nada de jackpot, a menos que tivesse sido o vizinho a lavar a loiça e não lhe teria saído certamente a ele, mas a mim. Pois, o problema é que eu me esqueci de fechar os estores da cozinha [esta é a parte do distraída] ficando por isso com o meu rabo meio destapado virado para a janela da cozinha deste. Ao fim de uns 10 min com o rabo virado não para a lua, mas para um vizinho cor ar de adolescente [hummm, cheira-me que a parte do exibicionista pode encaixar aqui], dei-me conta da situação e o que fiz eu? Rastejei literalmente para fora da cozinha [claramente esta é a parte da parva] para apagar a luz e acabar-lhe com o espectáculo.
Gente, se isto não é ser simpática para os vizinhos, então eu não percebo nada de boa vizinhança!

Quer-me cá parecer que não lhe quero pôr a vista em cima nos próximos 20 anos, mas às tantas ele não pode dizer o mesmo de mim.

Pode ser que um dia, assim a título de recompensa, eu vá à janela e veja isto Oh vizinho, isso sim era de valor!