terça-feira, 20 de março de 2012

O Vizinho de Cima

Já aqui tinha falado do vizinho de cima e do seu cão. Aquele gordinflas em quem o cão manda. Esse mesmo [não, juro que hoje não vou falar do vizinho do 98 que ficou a ver o meu rabo enquanto eu lavava a loiça].
Pois se há há vizinhança estranha, este pertence sem sombra de dúvidas, ao top 10.
Quando me mudei para esta casa julguei que também ele andasse em mudanças, ou pelo menos em remodelações. Não, nunca vi o menor movimento de caixas, caixotes ou até mesmo os sacos do lixo que já fazem parte do meu moving kit, mas todos os dias, fosse a que horas fosse, ouvia arrastar móveis de um lado para o outro.
Tendo em conta que isso passou a ser algo que mais parecia um ritual, comecei a imaginar que todos os dias, em especial à noite, ele, por alguma razão que eu desconheço, mas que será certamente válida [ou não] desmontava a casa toda e arrastava-a de uma divisão para a outra.
Ao fim de uns tempos os meu ouvidos já se tinham habituado a esses barulhos e comecei a ignorá-los, mas atrás desses vieram muitos outros.
Ao cão andar a correr enquanto raspa com as garras no soalho também já me habituei. Aos gritos guturais que ele dá a pedir [sim, volto a lembrar que no cão ele não manda] para o canito esgroviado se calar também. O barulho de bolas pesadas a cair e a rolar soalho fora [cá para mim o gordinflas joga petanca em casa] também já me é familiar e já não me causa estranheza [o que querem? Às tantas uma pessoa habitua-se e já acha tudo quase normal], mas há barulhos que não dá. Por mais que os oiça, por mais que se repitam dia após dia, é impossível ouvi-los com bons ouvidos.
É que isto de partilhar barulhos desta natureza tem muito que se lhe diga. Uma pessoa começa a conhecer os hábitos da malta e começa a partilhar como que um intimidade que sinceramente não quero partilhar com a vizinhança.
Olhem que isto de ouvir o badocha do 4º drt a ir à casa de banho é qualquer coisa de bizarro. É um facto que todos nós, uns mais outros menos, usamos "o trono", mas daí a partilhármos esses momentos com a vizinhança vai um grande passo.
Já não me bastava dar conta de quando é que o badocha vai à casa de banho, ainda tenho de ouvir os lamentos do colchão dele quando o gajo vai para a cama.
Dizendo eu que ele não é propriamente um peso pluma, podem imaginar os gemidos de dor que saem daquelas molas. É qualquer coisa! Pior, ao que parece os aposentos do badocha são mesmo por cima dos meus, pelo que, é quando eu estou na minha caminha, pronta para o meu sono de beleza e para o meu merecido descanso que oiço os uivos que a cama dele dá. Ele é molas a estalar, ele é estrados a ranger, ele é cama a arrastar...enfim, um mimo!
No meio de toda esta sinfonia do lar há algo que não me sai da cabeça. Ora bem, o badocha não se limita a deitar e a ficar sossegadito, refastelado em cima da cama. Nada disso. Antes de arranjar uma posição confortável ele vira-se, rebola e torna a virar-se isto sempre acompanhado dos queixumes e súplicas do leito. Aposto em que ele dá pelo menos umas 3 ou 4 voltas antes de se aninhar. Sendo este o comportamento típico dos cães [darem sempre 3 voltinhas sobre si mesmos antes de se deitarem] questiono-me se afinal não será o canito que dorme na cama e o badocha no chão?
Bom, mas os barulhos da cama não são sempre, apenas e tão somente, relacionados com o deitar. Há dias [não são muitos, é um facto] onde os barulhos se repetem mais vezes, a um ritmo diferente e durante mais tempo o que me leva ainda mais longe nos meus pensamentos [estes sim, do inferno]...será que para além do badocha do 4º drt partilhar comigo o momento em que satisfaz as suas necessidades fisiológicas ainda tem de partilhar o momento em que satisfaz [aqui no satisfaz levantam-se muitas dúvidas] as suas necessidades sexuais?
Espectacular isto de ter vizinhos! [e viver num prédio onde começo a questionar-me se as paredes não serão de contaplacado!]
 Pelo sim, pelo não, acho que o melhor é eu ter algum cuidado ou um dia ainda me arrisco a dar de caras com o blog do vizinho do 2º dtr onde ele também descreve os meus marulhos estranhos...

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