quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Melhoria ou o princípio do fim?

Às 8:20 já tinha deixado o mais velho no liceu (ainda não me habituei à ideia de já ter um filho no liceu, mas adiante), a mais nova no colégio e eu já seguia para a chafarica a que chamo escritório e me paga o ordenado. É importante dizer que antes disso tudo houve banhos tomados, sacos, mochilas e sacolas preparados, pequenos almoços tratados, criancinhas vestidas primorosamente - com direito a lacinho na cabeça e tudo - e uma mãe montada nuns saltos de 10 vertiginosos centímetros (que isto de ir à chafarica 2x por semana permite estas avarias). Não sei como é que no meio disto tudo consegui chegar antes da hora, a tempo de beber um café na esplanada com parceiros de labuta (que isto já se sabe que colegas são as...enfim). Apesar de ter chegado à chafarica com aquela pequena revolta do "mas ca'raio, uma miúda tão gira, tão inteligente e não há quem faça dela uma mulher ryca, mas daquelas rycas que não precisam mesmo de trabalhar e muito menos de contar tostões", cheguei também com um sentimento quase bom do "cheira-me que ao fim de 14 anos estou a ficar boa nisto da organização". 14 anos é muito tempo e há até quem diga, ou possa insinuar, que aprendo muito devagar, mas lá está - cada um tem o seu timing e eu cá tenho o meu. Era conseguir levar a dieta tão a sério como isto e podia dizer que já teria quase, mas mesmo quase tudo para ser javardamente feliz.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Cá se fazem, cá se pagam

Gordinha,
Eu sei que é fácil ficar encantada com brilhos, com tules e lantejoulas. Eu sei que tudo isso, misturando então nem se fala, é o mais próximo que julgas poder estar de uma princesa.
Sei que as tuas amigas vão delirar quando te virem chegar ao colégio com os pés a brilhar mais do que o sol, mas acredita no que te digo - esses brilhos são foleiros. Esta que com a tua idade fez a tua avó passar vergonhas ao passear-se numas sabrinas douradas, achando-se também a última princesa do pacote, sonhava com sabrinas cor de ouro. Também as minhas amigas deliraram com os meus sapatos de princesa que brilhavam mais do que o sol enquanto a tua avó levantava os olhos para céu, resignada à minha pirosice.
Agora chegou a minha vez de levar com os teus brilhos nos pés.
Castigo, dizem alguns. Genética, digo eu. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

A vida custa muito a ganhar, é o que é

Não digo isto por ter de acordar cedo. Não digo isto por ter de vir duas vezes por semana ao escritório (vou ter de admitir que isto do trabalho remoto teve as suas vantagens. Vir 5 dias por semana era bem mais penoso). Não digo isto porque o horário de trabalho me corte o dia e não me permita fazer tudo o que me apetece e que não passa, de todo, por afazeres empresariais. Não digo isto por não ter o salário que considero ser mais do que justo. Não digo isto por ter apenas 22 dias de férias por ano. Não. Aquilo que mais me pesa nisto do trabalho, aquilo que mais faz penoso o levantar da cama é mesmo lidar pom a populaça. Digo populaça por na verdade povo somos todos, mas há chafaricas onde a fauna é mais difícil de aturar do que noutras. Na chafarica que me paga o ordenado,a fauna é básica, simplória (reparem como eu não disse simples), mas tem-se numa altíssima conta achando que fazem parte de uma espécie rara, superior. Não fica fácil perceber, pois não? Pronto, façamos assim: imaginem um pombo. Sim, um pombo de rua, daqueles meio sarrabecos, meio depenados. Agora imaginem que, por vicissitudes da vidas, esse pombo encontrou um molho de penas de pavão e resolveu colá-las na sua própria cauda. Estão a visualizar? É exactamente isso. Triste, não é? Pronto, agora que já mandei isto cá para fora (ou "amandei", como essa fauna diria), agora que já exorcizei um pouco os meus fantasmas, vou continuar a produzir, que este país não se empurra para frente sozinho e há quem tenha braçinhos à laia de T-Rex (que é como quem diz, curtinhos).

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Sobre isso de ir longe na vida

Gorda: Mãe, às vezes quando está trovoada há repânlagos. Eu: há o quê? Gorda: Há raios Eu: Diz lá com a mãe: re-lâm-pa-gos. É uma palavra um bocado difícil, mas tu consegues Gorda: É por isso que digo raios. End of story, porque na verdade o importante é sair da saia justa e sempre com estilo

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

God Save the Queen ou Long Live the King? Eis a questão

Morreu a Isabelinha. Ainda estou incrédula com o facto de já não a ter como A Rainha. Confesso que quase que me caiu uma lágrima com a notícia. O quê que querem? Uma pessoa afeiçoa-se, ganha simpatias (e antipatias) e toda a minha vida, TO-DA, a Isabelinha sempre esteve lá, firme, hirta e em bom no seu trono. Escusam de me vir com coisas, que ela era uma real gastadora, uma mázona, o que quiserem. Eu gostava dela e para mim é o que importa. Já não posso dizer "Long live the Queen", mas o "Good save the Queen", ai esse posso. Já a Camila ter passado de "a outra" (isto para não usar os nomes com que durante anos e anos a brindaram), a Duquesa da Cornualha, culinando em Rainha Consorte, é algo que, confessem, não esperavam. Já sei que o fãs da Diana estão para aí a espumar de raiva, prontos para apedrejar a Camila, mas convenhamos - a história de amor deles merecia um final feliz. E vá não me crussifiquem que eu também sou fã da ex- Princesa de Gales. Tudo a pensar que o Carlitos abdicasse da Coroa a favor do William e da Katezinha e afinal, pumba - já se alapou no trono. Já se sabe que a malta diz sempre que não quer, que não é preciso, que não faz questão alguma, mas quando chega a hora da verdade, todos querem subir mais um degrau e o Carlitos, que durante anos e anos andava na fase do "quem espera, desespera", finalmente alcançou. Podia aproveitar isto para dar a minha opinião sobre as noras reais, mas a verdade é que não é o momento. Vou apenas dizer que quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré e que serei sempre, sempre team Kate. Para bons entendedores, meia palavra basta. Harry, querido, se me estiveres a ler, sabes que terás sempre aqui um ombro amigo e alguém que te voltaria a meter no rumo certo.