Não, mas já é um começo.
É que uma pessoa chora, limpa os olhos, o ranho e a baba e torna a chorar. Uma pessoa passa os dias a ver tudo desfocado de tão inchados que estão os olhos e insiste nisso do sofrer. Afinal somos o povo do fado, sofrer corre-nos no sangue. Entre um choro e outro solta-se um suspiro, pensa-se mais um pouco. Escarafuncha-se as entranhas à procura de uma explicação, de um motivo, de alguma coisa que alivie a dor e no meio disso tudo encontra-se um "porquê?". É ai que voltamos ao mesmo. Ao choro, à baba e ao ranho, à dor no peito que afinal não é mito. Ela existe mesmo, essa puta dessa dor física. Sente-se pena. Acima de tudo sente-se pena de nós próprios por estamos nesse estado o que já de si é digno de pena também. Chegamos a questionar se será karma, uma conspiração do cosmos, uma conjugação e alinhamento astral contra a nossa pessoa, uma praga rogada pela cigana que nos quis ler a sina e nós recusámos, azar ou até mesmo, imagine-se, culpa nossa!
Voltamos a escarafunchar as entranhas à procura de respostas quando lá bem no fundo nós sabemos a resposta a todas essas perguntas. É quando percebemos que a resposta já existe, que não precisa de ser dada por mais ninguém a não ser por nós próprios que começa a fazer-se luz.
Ainda não se aceitam essas respostas como sendo as finais, lá está o fado que nos corre nas veias a fazer-nos ter esperança que a resposta seja outra, mas com o tempo chega-se lá.
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