Então e o Calvin?

O Calvin já não me pede sandwiches de atum. Já as faz e com requintes de chef gourmet. Já não me pede que o deite e que lhe aconchegue os lençóis. Pelo contrário. Já sai à noite com os amigos e é ele que, ao chegar, me acorda para me mandar para a cama. 

O Calvin é o rei do tiramissu e da carbonara. Já escolheu o seu barbeiro e vai lá sem que o tenha de levar pela mão. O Calvin já aprecia um bom espumante, faz brindes comigo e vai de férias sozinho com os amigos. Vá lá que ainda continua a apreciar, e muito, as férias em família. 

O Calvin entrou para a faculdade e eu, num misto de orgulho e tristeza, lá vou deitando umas lágrimas pois não sei lidar com este passar de tempo acelerado que é a vida.

O Calvin já se baixa para me dar um beijo na testa. Continua, como sempre, a saber acalmar as minhas ânsias e arrisco dizer que me conhece como ninguém.

O Calvin está quase, quase maior de idade e maior ainda em tamanho, mas ainda bem que continua a caber no meu colo e ele sabe disso.