sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sweet November

Ele gosta das festas de anos em casa. Eu acho que dá muito trabalho e sugeri o Castelo de São Jorge. Ele, não sendo em casa, sugeriu uma corrida de karts. Eu lembrei-o que nem todos os pais acham piada a ir para fora de Lisboa para uma festa de anos, que nem todos acham piada aos filhos de 6/7 anos a fazerem corridas e que as meninas seguramente não iam achar graça nenhuma à coisa, tal como ele já não acha a festas só com princesas. Ele insistiu no assunto e eu tive de lhe contar a história da raposa que convida a garça para jantar, Vá lá, não me façam contar a história outra vez...bom, resumido é algo do tipo a raposa, espertalhona, serviu o jantar num prato raso de onde evidentemente a garça com o seu longo bico não conseguiu comer. Até aqui ele achou piada. Riu-se que nem um perdido ao pensar na coisa como uma partida. Coitado, ainda está no espírito do Halloween. Eu continuei a história rematando com a vingança da garça que retribuiu o convite à raposa tendo esta última apenas direito a lamber o gargalo da almotolia onde o jantar foi servido. Ele percebeu a lição. Voltámos ao Castelo de São Jorge. Ele continuou a preferir em casa. Cinema está fora de questão. MacDonalds jamais. Festa científica: done. Insufláveis: done (e na verdade ninguém merece aquilo). Palhaços: cruzes credo. Porra, no Verão ou na Primavera era tão, mas tão mais fácil. Ele voltou a insistir nisso de ser em casa e de poderem brincar no terraço. Eu lembrei-o que terraço no fim de Novembro é capaz de não dar bom resultado. Ele esqueceu a festa no terraço resumindo o assunto às 4 paredes. Eu calei-me e comecei a pensar que ainda o ano passado cedi a isso de ser em casa e que no fim do dia disse "para o ano é fora".
Comecei mentalmente a fazer planos. Gelatinas caiem sempre bem, umas sandes, uns cupcakes, os que fiz o anos passado não ficaram comestíveis, mas estavam giros. Depois lembrei-me da mancha de sumo que ficou no tapete no ano passado. Este ano os arranjos de balões não podem ser dos Angry Birds outra vez. No ano passado, pelo Ano Novo, ainda tinha balões de hélio em casa que mesmo estando murchos arrebitavam por uns dias quando postos à frente do ar condicionado. Durante umas horas pareciam novos. E bolos de gomas? Ficam giros, ele gosta e não devem ser muito difíceis de fazer. Casa cheia de miúdos em sugar high a esfregarem mãos engorduradas nas paredes ao estilo pinturas rupestres. Em vez das gomas posso antes fazer umas espetadas de fruta, fazer uns palitos de cenoura assim tipo festa saudável. Exacto, isso e umas bolachas de dinossauros. Afinal até comprei umas formas novas. E a trabalheira? Raios partam o catraio que não podia ser mais caseiro. Calha bem uma das prendas de anos ser uma casa para ele brincar no terraço. Assim podem estreá-la logo. Espero que não chova. E se ele convidar a turma inteira? A somar aos miúdos fora da escola dava tipo 30 crianças em manada fechados em casa. O jeito que dava haver um parque de diversões em Lisboa. Abençoados os pais que tiveram filhos pequenos enquanto ainda havia a Feira Popular. Se calhar é melhor tirar os tapetes da sala para estarem mais à vontade. E se...
Pumba, está-se mesmo a ver que vou arranjar lenha para me queimar, que a festa vai ser cá em casa, que ele vai convidar a turma inteira e que eu vou convidar os respectivos pais porque afinal, parecendo que não, gosto de receber gente em casa, que vou passar 3 dias na cozinha a preparar tudo, que vou andar num virote uns dias antes e exaurida até uma semana depois, mas vai valer a pena (como é que é? já estou a assumir que vai?) porque afinal o dia é dele e se é assim que ele quer a sua festa que seja, que a mãe cá se há-de arranjar e que no final de tudo, quando ele estiver a dormir feliz da vida depois de um dia bem passado eu vou andar de rabo para o ar a limpar tudo e a pensar que para o próximo ano é fora de certeza.
Agora é só esperar que não chova. Calhava mesmo bem ele poderem ir lá para fora brincar na tal casa e eu até era mulher para organizar uns jogos e brincadeiras  lá fora.
Acho que chegámos a um (des)acordo. Habemus festa.

2 comentários:

  1. Este post, mais coisa, menos coisa, poderia ter sido escrito por mim. Filho a fazer anos no dia 30 de Novembro e a querer festa em casa, mesmo depois de já lhe ter dado 57 opções diferentes e todas elas mais emocionantes que uma festa caseira. Lixei-me. Está irredutível. Quer mesmo a festa em casa. E eu já só imagino a minha casinha acabadinha de estrear cheia de pinturas rupestres nas minhas paredes imaculadas. Aiiiiii....

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    1. Já não se fazem miúdos como antigamente! Se no meu tempo houvesse a quantidade de opções que há hoje a minha mãe nunca teria tido gelatina no tecto da sala ahahaha

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