quinta-feira, 24 de março de 2016

Casa, (agri)doce casa!

Isto de procurar casa é coisa para causar uma apoplexia nervosa à mais calma, pacata, quase em estado vegetativo, pessoa.
Todo e qualquer proprietário acha que o seu cafofo, mesmo este sendo apenas e tão somente um buraco, está na categoria de imóvel de luxo. Se à palavra luxo juntarem na descrição a palavra charme, pimba - toma lá mais 100 mil euros em cima, que isto do charme agora é uma coisa que se paga muito, mas mesmo muito bem. Ah Anita, se calhar tens que refinar as tuas pesquisas e deixar essas casas charmosas e de alto nível para outra altura. Pois está certo, só que não, É que os conceitos de luxo e charme já não são o que eram e andam rasteirinhos por isso, qualquer casa com uma sala do tamanho de um quarto pequeno e com quartos do tamanho de despensas, basta ter um soalho em madeira, ainda que carcomida pelas térmitas, e já é charmosa-vintage-coiso-chique, mesmo que seja localizada na Calçada de Carriche.
Depois há a categoria dos imóveis renovados, Uma pessoa até se baralha pois as casas parecem todas iguais. Tectos falsos com focos, exaustores no lugar de chaminés, chão flutuante barato do AKI e cozinhas do IKEA, todas do mesmo modelo. Estas não estão no campo do charme, ficando-se apenas pelo domínio do novo, mantendo-se obviamente o "luxo".
Qualquer arrecadação ou garagem, basta estar localizada na Baixa, Lapa, Estrela ou Av de Roma, ganha logo estatuto de loft e todos nós sabemos que um loft por menos de 300 mil euros nem sequer é um loft, não é?
Se excluírmos as casas IKEA-luxo-novo-style, as "despensas" com anexos a fazer de quartos luxo-charmosas e tendo em conta o meu orçamento para o efeito, começo a achar que, não sendo a Damaia, a Reboleira nem a Amadora uma opção, nem estou mal onde estou.

Sem comentários:

Enviar um comentário