quinta-feira, 2 de maio de 2013

Ao que uma pessoa chega...

Ontem à noite, antes de embarcar num voo de 10 horas apeteceu-me fumar um cigarro.
É assim, sou uma moça de vícios e fumar é só um deles. Não desespero, não me coço, não ponho autocolantes de nicotina, não masco tabaco nem sequer comprei um cigarro electrónico para estas situações. Aguento-me ali estoicamente e bem disposta por 10 horas e mais outras 10 se fosse preciso.
O que me transtorna é a imposição, em especial quando levada ao extremo.
Que seja proibido fumar em locais fechados, não só aceito como concordo, mas faz mal alguém haver numa porra de um aeroporto internacional um cubículo, um cafofo, um vão de escadas até, onde quem quer, gosta e lhe apetece, possa matar o vício à vontade, sem incomodar os demais?
Pois, parece que sim. 
E é aqui que uma pessoa se deixa levar pela imposição, pela privação da liberdade e hipótese de escolha e prevarica. É nestes momentos em que, não tendo outra hipótese, uma pessoa vê-se obrigada a quebrar a lei e a fazer...figuras ridículas. É aqui que uma pessoa se apercebe da vantagem que é voar em business e ter acesso a lounges onde há zonas de banho recatadas, isoladas, sem filas e sem gente onde, fechada numa cabine de duche com a água a correr, pode fumar um cigarro antes da viagem.
O problema é que após uma primeira infracção bem sucedida e um atraso no embarque, uma pessoa sente-se mais confortável, mais segura, com mais confiança e é sempre isso que estraga tudo. Um bom criminoso nunca volta ao lugar do crime e eu, claramente, sou uma criminosa de segunda categoria. Voltei. Voltei e fechei-me novamente na recatada zona de banho. Liguei novamente a água e quase que me senti na casa de banho de um hotel de tão à vontade que estava. Fumei o meu cigarro ao telefone com uma amiga a rir-me da situação e da figurinha que estava a fazer só para fumar um cigarro.
A sorte foi estar no Brasil e não nos EUA ou quando saísse de lá consolada com os 2 cigarros que tinha fumado, em vez de ter 2 empregadas da limpeza com um frasco de ambientador em riste a dizerem com ar compreensivo "sinhóra, não podji! eu intendo qui eu também fumo, mas não podji" enquanto tentavam disfarçar o cheiro a tabaco, tinha tido 2 marines não tão amistosos a quem as minhas gargalhadas, as minhas desculpas e o meu "já te ligo" não tinham convencido.

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