domingo, 27 de janeiro de 2013

Saudosismo, (falso) patriotismo ou simplesmente síndroma da insatisfação constante?

Pois não sei.
O que sei é que há gente cuja única aptidão é queixar-se, esteja lá onde esteja, conheça quem conhecer, faça lá o que fizer.
Pois basta passar a fronteira, nem que seja só para ir a Badajoz comprar caramelos e pronto, já os caramelos portugueses são, de longe, melhor que os espanhóis, já a colónia de litro cheira muito melhor cá, o nosso pôr do sol é o mais bonito do mundo, nem que seja visto ali da marginal do Seixal, o nosso país é que é um país civilizado, aqui é que estão todas as oportunidades, a música portuguesa é que é e até sempre se adorou ouvir Delfins e João Pedro Pais, na minha terra é que eu estava bem e afinal aqui, no estrangeiro, é tudo mau, e por aí vai.
Pois eu cá gosto de Portugal. Vivo cá por opção, por conforto e comodidade, mas sei também que era capaz de ser feliz onde quer que estivesse.
Digamos que ou uma espécie de Malato, mas mais magra e com menos barba, e por isso já fui feliz em muitos lados, dentro e além fronteiras. Sou assim uma espécie de criancinha deslumbrada que consegue admirar, viver, gostar e apaixonar-se por tudo o que vê, mesmo por aquilo que está nos antípodas do que para mim é "normal". E é por isso que gosto de ir, de ver, de conhecer, de cheirar, de provar, de ouvir, de viver, mas gosto também de ter onde voltar.
É que gente, se andais a correr o mundo, por opção, porque aqui nada presta e tudo cheira mal, se decidiram ir em busca de um sonho, de um "eu", de um lugar, então levem na mala vontade, muita. Levem mente aberta, levem expectativas, levem sonhos, levem planos, levem tudo aquilo que possa ajudar à busca agora, por favor, deixem em casa o modo António Variações. É que o estou bem aonde não estou, o quero ir aonde não vou, não faz de vocês uns bons patriotas, uns admiradores do vosso país natal. Só faz de vocês uns palermas inconformados.

1 comentário:

  1. ... Bingo...! Realmente tens razão. Quando estamos cá, isto é uma autêntica bosta, mas basta cruzar a agora fronteira imaginária que começamos a ter saudades de casa, a ter ataques de ansiedade por estar fora da nossa pequena zona de conforto (700 km, por 300..). Um disparate. Quem se sente assim lá fora, é porque obviamente, também não se sente bem cá dentro. E isso não é um problema do país em questão - é um problema de cada um de nós.

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