segunda-feira, 28 de maio de 2012

Cá se fazem, cá se pagam

Em criança sempre fui pirosa. Não que tenha mudado assim muito em adulta, mas pelo menos fiquei-me apenas pelas cores e mais cores e deixei os brilhantes na infância.
Não sei se seria mais pirosa do que qualquer outra miúda que tivesse a Barbie como modelo a seguir, mas sem dúvida que a piroseira era algo que me caracterizava.
Diz a mãe querida que não havia montra onde se avistasse roupa espampanante, sapatos do mais festivo que já se viu, que eu não parasse e não ficasse assim algures entre o sonhar e o babar, encostada ao vidro [há que relembrar que isto se passava nos 80's, essa grande década da moda].
E foi com estes padrões de moda e beleza que um certo dia, estava eu numa sapataria com a mãe querida a comprar sabrinas, que vi umas douradas! Umas sabrinas douradas? Haverá coisa mais Barbie, mais princesa, mais...pirosa do que isso? Natural e evidentemente que depois de ter visto aquelas não haveria maneira de me enfiarem umas azuis escuras no meu delicado pézinho.
A minha mãe, na qualidade de pessoa esclarecida e com relativo bom gosto, tentou que tentou tirar-me a ideias da cabeça [e as ditas dos pés]. Não sendo possível levar-me pelo bom senso, atirou o argumento "oh filha, essas sabrinas nem sequer há para o teu número..." ao que a senhora da loja, não sei se por desespero para vender se por estar a gozar o prato responde "é claro que há!".
Posto isto, não havia maneira, desculpa ou motivo para que eu não saísse de lá com os pés a brilhar e assim foi.
Agora consigo imaginar a vergonha que a minha mãe deve ter sentido ao passear-se com uma catraia que envergava orgulhosamente umas sabrinas douradas.
Se até agora o Calvin foi um miúdo com bom gosto, um miúdo que sempre partilhou dos meus gostos no que a sapatos diz respeito [e não, nunca lhe tentei enfiar umas sabrinas douradas nos pés], eis que tem um ataque de piroseira e numa tarde de compras com o pai [o que também pode explicar muita coisa], me chega a casa com uns ténis...digamos que do mais piroso que alguém teve a infeliz ideia de inventar!
O que ao início me pareciam uns Reebok clássicos, brancos, lisos, mal ele pôs um pézinho no chão transformaram-se nuns Reebok do demo que se iluminam de cada vez que ele anda!!!
Ninguém merece! Juro que ainda tentei descobrir se eles tinham pilhas [já me estava a ver a desmontar palmilhas numa de sacar as desgraçadas], ainda tentei dizer que eram um bocado bimbos, mas perante a felicidade do Calvin por ter uns ténis com luzes, que segundo ele, lhe vão permitir correr mais depressa do que o Faísca, tive de me render.
Deve ter sido mais ou menos isto que a minha mãe sentiu na altura das sabrinas douradas, quando nos passeávamos na rua comigo naquelas figuras. Ela só devia pensar que a filha era de facto uma bimba, mas uma bimba feliz! E é mais ou menos isso que eu penso do Calvin, mas ao menos ainda consigo somar a vantagens da poupança. É que segundo ele, agora não precisamos de acender luzes em casa. Priceless!

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