sexta-feira, 1 de março de 2013

Oh Gaspar!

Ai Gaspar, Gaspar, juro que nem sei o que te diga.
Sabes que não sou pessoa de te passar importância. Não sou pessoa de ouvir as baboseiras que dizes e que, perante o estado das coisas, chego mesmo a pensar que a ignorância é uma bênção. Eu cá que não sou pessoa de me lamentar, de chorar sobre o leite derramado, eu que até tenho um poder de encaixe dos diabos e ele há dias em que o sapo que engulo mais me parece um hipopótamo, sim Gaspar, parece, porque saber, sabe mesmo a merda e creio eu que não deve ser a isso que os sapos ou os hipopótamos sabem, hoje estou agoniada contigo. Estou mesmo a ponto de bolsar.
E tu vê lá ao estado a que cheguei para, eu, pessoa que muito raramente te dispensa o seu tempo, perder aqui uns minutos que sejam contigo! Estou desolada. Estou fatigada de te aturar. Estou exaurida de andar a tapar-te os buracos e de andar a remediar a trampa que fazes, qual mãe a emendar os erros e burrices de um filho desnorteado. Tu aprende homem, que já tens idade para isso.
É que eu posso querer fazer-me de burra, de distraída, de ignorante que não te passa cartuxo, mas há em mim um problema. Um problema que hoje tomou proporções gigantes, demoníacas, devastadoras. É que eu sei ler Gaspar, é verdade. E não, isso de eu saber ler não foi nenhuma equivalência que me deram por fazer um belo picotado na esponja da 1ª classe, não, não. Sei mesmo ler, e muito bem. Podia até aquele recibo vir em numeração romana que eu sabia lê-lo na mesma. Viste Gaspar, como eu para além de te sustentar à grande, a ti e a esses teus amigos tão parasitas como tu, sou uma pessoa que domina isso da escrita, árabe, romana, em português, inglês ou mesmo espanhol? Fabuloso, não é? E sim, isso é um problema. Porquê, perguntas tu? Porque foi à conta desta minha capacidade genial de saber juntar letras e números que me deparei hoje com uma coisa que me irritou, aliás com 1184, 13 coisas que me irritaram, para ser mais precisa.
Sinto-me quase como tua mãe, ali, estoicamente a aparar-te os golpes, a resolver a merda que vais deixando à tua passagem e também isso me deixa triste. É que se, para meu grande azar, fosse tua mãe, teria ao menos o consolo de te poder esbofetear, de poder pôr-te a trabalhar, ou mesmo de castigo virado para a parede ajoelhado em cima de milho. Podia mesmo ponderar dar-te para adopção, mas não posso. É pena.
1184,13, Gaspar? Sabes o quê que eu fazia com esse dinheiro a mais na minha conta, sabes?
Pois que eu, assim de repente, também não sei, mas certamente não te dava nem um tusto. Isso de certezinha.
Vendo bem as coisas, tu não és político, tu não és ministro, tu não és meu filho, nem sequer enteado. Tu não passas de um chulo! (podia dizer que és um chulo barato, mas postos os valores...nem isso!)

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