domingo, 14 de outubro de 2012

Diário de uma coxa #04

Realmente as coisas já não são o que eram!
Nos meus tempo de criança, partir qualquer coisa e ter direito a gesso significava transformarmo-nos numa parede grafitada ambulante. Significava que os nossos amigos iam dar largas à imaginação e nos iam avacalhar o gesso todo, assim num misto de dedicatória e deboche.
Inválido popular era aquele em que ao fim de umas horas de ter gesso, mesmo antes do mesmo secar, já não tinha um espacinho que fosse em branco. Diria até que o pessoal devia preferir partir pernas a braços só para ter uma maior extensão de escrita e mais espaço para os amigos.
Pois eu cá nunca tinha partido nada. Durante toda a minha vida só assinei, desenhei e avacalhei o gesso alheio e por isso, acho injusto que na minha vez, o gesso já não fique à mostra, que o tenham tapado com ligaduras. Não se faz!
Então agora que parto um pé, ainda por cima de uma maneira tão estúpida, capaz de inspirar a malta para um avacalho épico, não vou ter direito a nada!?!
E o quê que eu faço à carrada de malta que, tal como eu, pertencem à velha guarda e que já estavam a preparar as canetas? Não me conformo!
Bem sei que já não tenho idade para andar com um gesso todo escrito, desenhado e pintado. Sei também que, tendo em conta que vou ter de trabalhar estas duas longas semanas, o devia fazer com um ar de inválida respeitável (porra! nem sequer posso conduzir para pedir um lugar no estacionamento, nem que fosse num lugar para os deficientes...), mas isso tudo não se aplica a quem parte um pé aos pulinhos com uma amiga.
Bom, mas quem não tem cão... há sempre uns marcadores para tecido que talvez sirvam para remediar a situação!

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