quarta-feira, 29 de junho de 2011

Lá estou eu armada em cabra insensível

E pronto, o Angélico morreu! E não, não vou passar a achá-lo o máximo [nunca lhe reconheci grande talento], não o vou passar a achar um "menino d'ouro" nem lhe vou atribuir qualquer outro estatuto que não tenha tido para mim em vida e logo, não será certamente a morte que o vai trazer.
Sim, tenho pena, apesar de não o conhecer de lado nenhum a não ser do [pouco] que vi na TV, mas tenho a mesma pena que tenho dos outros milhares que morrem diariamente desta forma estúpida.
Agora é ver toda a gente, os que gostavam, os que não gostavam, os que nem conheciam, os que até gozavam, os que achavam que ele cantava bem, os que nunca o tinham ouvido sequer cantar, os que o achavam giro, os que gostam de aparecer seja qual for o motivo que lhes dá direito a 5 minutos de fama...a chorar baba e ranho e a exaltar todos os predicados do rapaz. A TVI essa, uiii já está a esfregar as mãos de contente pela cobertura televisiva que vai poder fazer. Horas e horas de emissão da qualidade a que esta estação de televisão já nos habituou.
É pena que todo o show que vai haver em torno de uma morte como tantas outras, as quais não são divulgadas, choradas ou lamentadas, não sirva para que os fãs, não fãs e todos aqueles que andam com um carro nas mãos abram os olhos, em especial quando forem a conduzir...diz que dá um certo jeito. É que não nos podemos esquecer que está toda a gente a lamentar a morte de uma pessoa que de repente vira santa, mas ninguém chora (a não ser quem de direito) a morte das pessoas que, quais fãs, ele levou atrás.
Mas isto sou só eu que às vezes tenho destas coisas...

3 comentários:

  1. Tens toda a razão. Quando morreu o outro dos morangos, que conduzia intoxicado (drogas e alcool), escrevi um post parecido. Caiu-me tudo em cima. Dizes que tens tanta pena dele como de qualquer outro nas mesmas condições. Eu digo que n tenho pena. Foi o resultado de um acto estúpido e inconsequente. Pagou pelos próprios actos. Se é justo, ou não, não me compete dizer. Mas pôs-se a jeito.

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  2. É o país que temos...mortes na estrada às vezes são só números que alimentam estatísticas, outras são dramas da malta jovem, bonita e com carreiras "promissoras" que levam a 24h de directos e à canonização do defunto (coitadinho dele que era tão bom moço, um santo).
    A pena que tenho acaba por ser tranversal a responsabilidades. É mais um reflexo do meu amor pela vida. Odeio que me "lembrem" que afinal também se morre e às vezes da forma mais estúpida e irresponsável que pode haver...

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  3. ... com cinto, sem cinto, com álcool, sem álcool, bom pessoa, má pessoa. Escrevi o que tinha a escrever sobre o rapaz, sobre o acidente, sobre a forma em como os media lidaram com o caso, desde que souberem do acidente, com as alarvidades que foram sido ditas e escritas como se todos nós, a sociedade portuguesa, fosse impune de pecados, de asneiras, de crimes. A única coisa que a mim me irritou não foi a morte dele (sim, lamentável, mas, tal como escrevi no meu blog, não me aqueceu nem arrefeceu), mas sim aquilo que talvez 99% das pessoas disseram sobre o sucedido, desde comentários xenófobos, racistas a simplesmente de pura inveja pela carreira (promissora ou não) que um rapaz da nossa idade tinha pela frente. Porque não interessa que ele tenha deitado isso a perder, não o vai trazer de volta. Revolta-me sim a forma como as pessoas disseram alto e a bom som "Bem-Feita porque tinhas a mania que eras, fazias e acontecias...". Todo o ser humano DEVE, TEM E MERECE a capacidade de sonhar, de fazer aquilo que sempre quis e desejou, e não é um rapaz que tendo culpa ou não pela sua morte, que vai ser saco de pancada de pessoas mal resolvidas que (se calhar por serem calões) nunca lutaram pelos seus objectivos. Portanto a morte do Angélico a meu ver só serviu para um coisa: mostrar-me mais uma vez a que tipo de gente a raça humana se tem transformado em.

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